CARACAS - A Venezuela vai deixar formalmente a Comunidade Andina das Nações (CAN) na sexta-feira, 22, sem uma definição sobre como serão regidas as relações comerciais com alguns dos países vizinhos. A situação é considerada por muitos um "golpe mortal" ao bloco econômico dos Andes.
O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, anunciou em abril de 2006 que o país sairia do bloco. Na ocasião, dois dos países-membros, Peru e Colômbia, aprovaram acordos de livre-comércio com os Estados Unidos, provocando a decisão de Chávez.
A Venezuela estava obrigada a um aviso prévio de cinco anos, que termina amanhã, assim como os direitos e obrigações que o país tem com seus quatro sócios - Bolívia, Colômbia, Equador e Peru - por 38 anos.
Embora a Venezuela tenha concordado em prorrogar por três meses as regras vigentes na CAN com o Peru e a Colômbia, enquanto é definido um acordo de "complementação econômica", empresários consultados pela AP indicaram que desconhecem como irão trabalhar a partir da próxima semana.
No caso da Bolívia e do Equador, o governo venezuelano subscreveu um "protocolo de acordo" para regulamentar o comércio com os dois países, cujos termos não são conhecidos. O comércio entre a Venezuela e os outros quatro países do bloco, que em 2006 foi de US$ 6,1 bilhões, passou para US$ 12,4 bilhões em 2008. Mas, por causa da crise financeira mundial, caiu para US$ 4,5 bilhões em 2010.
'Golpe mortal'
Para o professor Carlos Romero, que ensina ciências políticas na Universidade Central da Venezuela, a saída do país do bloco regional "é um golpe mortal para a Comunidade Andina, uma vez que a Colômbia e a Venezuela, juntas, formavam mais de 50% das transações comerciais" do bloco.
Romero afirma que a saída da Venezuela do bloco, formado em 1969, é natural, se vista "de um ponto de vista ideológico", uma vez que interessa muito mais a Chávez reforçar a Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América (ALBA).
A organização, criada pelo presidente venezuelano na década passada, é composta hoje por Venezuela, Cuba, Nicarágua, Dominica, Antígua e Barbuda, São Vicente e Granadinas.
Com AP e Agência Estado