
10 de julho de 2015 | 14h42
CARACAS - A Venezuela decidiu ontem, 9, deixar de comprar parte da produção de arroz da Guiana em meio a uma disputa entre os países pela região de Essequibo, onde recentemente a empresa americana Exxon Mobil anunciou ter encontrado uma grande reserva de petróleo.
Nos últimos quatro anos, o governo venezuelano comprou cerca de 40% da produção de arroz em troca do petróleo, que representa metade da necessidade do fornecimento diário da Guiana. A troca era realizada por meio do programa Petrocaribe, uma iniciativa venezuelana que fornece combustível em condições financeiras atraentes para países do Caribe e da América Central.
Ainda ontem, os presidentes da Venezuela, Nicolás Maduro, e da Guiana, David Granger, voltaram a trocar farpas sobre a disputa pela região de Essequibo.
Em ato com simpatizantes do governo no oeste do país, Maduro convocou uma "grande união" nacional para defender a Venezuela das provocações feitas pelo presidente do território vizinho.
"Estou convocando uma grande união nacional para o resgate da Guiana Essesquiba em paz, com base no direito internacional, para dissipar as provocações feitas contra a Venezuela", disse Maduro.
Já Granger, em um discurso no parlamento da Guiana, afirmou que a insistência do país em proteger suas terras e espaço marítimo não se configura como uma agressão contra a Venezuela. Apesar do tom conciliador inicial, o presidente avaliou que o decreto aprovado por Maduro em relação à disputa pela região do Essequibo é um "ato de agressão" contra a Guiana.
Vídeo: Assembleia aprova superpoderes para Maduro
Para Granger, o decreto publicado por Maduro na última segunda-feira pretende bloquear completamente o acesso da Guiana a sua zona econômica exclusiva. A medida, inclusive, inclui na área de soberania da Venezuela uma parte do espaço marítimo do Suriname.
O presidente da Guiana afirmou que essas ações violam o Acordo de Genebra, que proíbe a reivindicação de novos territórios. E reiterou que seu país não permitirá que sua integridade territorial "seja ameaçada ou violada".
Porém, insistiu que a Guiana não tem interesse ou intenção de ser agressiva com a Venezuela, destacando que seguirá com os esforços diplomáticos para encontrar uma solução para o conflito. / EFE e AP
Encontrou algum erro? Entre em contato
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.