Venezuela determina prisão de líder de oposição por incidente com drone

A Assembleia Constituinte deve retirar a imunidade política de alguns parlamentares de oposição que considera estarem envolvidos no plano

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CARACAS - A Suprema Corte da Venezuela determinou nesta quarta-feira, 8, a prisão do líder de oposição Julio Borges, ex-presidente do Congresso, por supostamente planejar assassinar o presidente Nicolás Maduro com drones explosivos no fim de semana. Maduro disse em uma transmissão na noite de terça-feira que Borges está morando na Colômbia.

O então presidente do Parlamento da Venezuela, Julio Borges, recebe o Prêmio Sakharov de Liberdade de Pensamento por sua atuação na oposição a Nicolás Maduro em Strasbourg, na França, em 2017; Nesta terça-feira, 7, o político foi acusado por Caracas de planejar suposto atentado contra o presidente Foto: AP Photo/Jean-Francois Badias - 13/12/17

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Além disso, a Assembleia Constituinte da Venezuela deve retirar, nesta quarta-feira, a imunidade política de alguns parlamentares de oposição que considera estarem envolvidos no plano. Juan Requesens, um parlamentar de 29 anos, e uma ex-líder estudantil foram detidos na noite de terça-feira em aparente conexão com o incidente. 

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Maduro havia dito que Requesens, que descreveu como “um dos mais loucos, um psicopata”, estaria ligado ao lançamento de dois drones DJI M600 repletos de explosivos C4 sobre um comício ao ar livre do qual Maduro participou no sábado.

O presidente da Assembleia Constituinte, Diosdado Cabello, disse que o órgão pró-governo iria discutir a suspensão da imunidade de parlamentares envolvidos na “tentativa fracassada de magnicídio”.

Maduro não ficou ferido no incidente de sábado. Entretanto, os explosivos nos drones foram detonados, deixando sete militares feridos e fazendo com que os participantes do evento corressem em busca de abrigo.

Os adversários de Maduro dizem que ele está usando as explosões como desculpa para prender seus rivais políticos e acumular poderes no país que sofre com a escassez de alimentos, hiperinflação e frequentes quedas de energia.

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“Se a Assembleia Constituinte remover nossa imunidade parlamentar eles estarão, mais uma vez, violando a Constituição e a lei internacional. Mais cedo ou mais tarde eles irão para a cadeia! A Venezuela está vivendo um ataque político”, escreveu o parlamentar de oposição Luis Carlos Padilla em publicação no Twitter.

Mais cedo, o procurador-geral, Tarek William Saab, havia dito que pelo menos 19 pessoas estão vinculadas ao atentado. Ele informou ainda que o Ministério Público está tramitando a solicitação de extradição dos "financiadores" do ataque à Colômbia e aos Estados Unidos.

"Depois dos interrogatórios, foram realizadas várias análises e ficou estabelecida a vinculação direta de pelo menos 19 pessoas na tentativa de magnicídio", disse Saab, em declaração à imprensa sem a possibilidade de perguntas.

Segundo ele, por enquanto, há três acusados pelo fato: Argenis Gabriel Valero Ruíz, Juan Carlos Monasterio Vanegas e José Eloy Rivas Díaz. Os três serão investigados, entre outros, pelos crimes de "traição à pátria e homicídio intencional qualificado em grau de frustração contra o presidente da república Nicolás Maduro".

Ontem, Maduro informou ter "provas" do atentado que sofreu quando dois drones explodiram em um ato que ele liderava. Segundo ele, o já ex-presidente da Colômbia Juan Manuel Santos está por trás do caso. / REUTERS e EFE

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