PUBLICIDADE

Venezuela intervém em banco privado e detém diretores

Governo Maduro acusa a instituição privada Banesco de operações especulativas contra a moeda venezuelana com a intenção de destruí-la

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

CARACAS - As autoridades da Venezuela  intervieram nesta quinta-feira no Banesco – um dos principais bancos privados do país – e prenderam o presidente executivo e outros dez diretores sob acusação de cumplicidade em operações especulativas contra a moeda local, anunciou ontem o Ministério Público.

As prisões fazem parte da operação “Mãos de Papel”, lançada em meados de abril contra o que o governo considera máfias cambiárias. A ação resultou em 134 prisões e 1.380 contas congeladas, sendo mil delas do Banesco. Três casas de câmbio virtuais também foram fechadas. 

Pessoas andam próximo a logos do banco Banesco em seu único complexo em Caracas, Venezuela Foto: REUTERS/Carlos Garcia Rawlins

PUBLICIDADE

O governo disse que nomeou uma junta administrativa para, em um período de 90 dias, “saneá-lo de toda atividade ilícita”. 

Óscar Doval, presidente executivo do banco, foi preso após depor na quarta-feira à Direção de Contra Inteligência Militar. O Banesco tem representações nos EUA, no Panamá, na República Dominicana e na Espanha.

“Determinamos a responsabilidade presumida (dos executivos) por uma série de irregularidades, por ajudar e permitir ataques contra a moeda venezuelana com a intenção de demoli-la”, disse o procurador-geral da Venezuela, Tarek Saab, em entrevista na TV, na qual não foram mostradas provas. 

Saab garantiu que eles são suspeitos de facilitar ou de acobertar “ataques” contra o bolívar, através da saída de papel-moeda para outros países, e de especulação com o preço do dólar no mercado negro. “O objetivo final (dessas ações) era destruir a moeda venezuelana”, garantiu Saab. Na quarta-feira, ao confirmar a investigação sobre Doval, o Banesco declarou estar tranquilo, pois suas ações “estão sempre ajustadas ao direito e à legalidade”. 

O presidente do Banesco, Juan Carlos Escotet, tem sido um alvo frequente do líder do partido governista, Diosdado Cabello, que anunciou em janeiro a intenção de estatizar a instituição financeira. Escotet vive na Espanha e decidiu viajar para a Venezuela para responder às acusações e defender seu patrimônio. Até o momento, o governo tem uma participação acionária de apenas 2,34% do Banesco

Publicidade

O presidente Nicolás Maduro tem atribuído a hiperinflação ee o colapso monetário que a Venezuela enfrenta a uma “guerra econômica”. Seus críticos, porém, dizem que a crise é resultado de incompetência e de falhas de suas políticas socialistas.

O câmbio da Venezuela, controlado pelo governo, está em 69 mil bolívares por dólar. Mas no mercado negro a moeda chega a cerca de 800 mil, transação que as autoridades criticam, mas não conseguem coibir.

O governo argumenta que essas redes são culpadas pela queda do bolívar ao fixar taxas do “dólar negro” que multiplicam por 12 a cotação oficial. O mercado paralelo cresceu, enquanto o Executivo mantém um rígido controle cambiário. 

Antes da queda na renda petrolífera, o governo praticamente congelou a entrega de dólares ao setor privado, que precisa recorrer ao mercado negro para importar produtos e matérias-primas, o que amplia o custo de vida. O FMI prevê que a hiperinflação na Venezuela será de 13.800% neste ano. / REUTERS e AFP

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.