
30 de agosto de 2014 | 02h03
A Procuradoria-Geral da Venezuela anunciou ontem que 232 pessoas, entre elas 15 militares, foram presas em agosto sob suspeita de ter praticado contrabando. As prisões, segundo a procuradora-geral Luisa Ortega Díaz, fazem parte de um plano de combate ao contrabando de produtos como alimentos e medicamentos iniciado pelas autoridades no dia 12.
De acordo com a procuradora, para 49 dos detidos foram aplicadas medidas cautelares. Entre os membros do Exército presos estão um capitão e um tenente. Os demais são sargentos e cabos, como explicou a procuradora-geral.
Luisa afirmou a um programa da emissora local Unión Radio que os militares foram presos por aparentemente facilitar, no dia 27, uma via clandestina para o contrabando de produtos no Estado de Táchira, que faz fronteira com a Colômbia. Segundo ordens do governo venezuelano, a fronteira com a Colômbia tem sido fechada por sete horas durante a noite, todos os dias.
O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, anunciou na semana passada que estabelecerá no fim do ano um sistema biométrico, por impressão digital, para controlar a compra de produtos no comércio.
Maduro aprovou, no fim do mês, um decreto que proíbe a exportação de 21 alimentos - como azeite, arroz, atum, açúcar, leite, produtos de higiene pessoal e de educação, medicamentos, equipamentos médicos e materiais de construção.
As autoridades venezuelanas esperam com essas medidas solucionar o problema do desabastecimento e combater o contrabando de combustível e alimentos. Segundo o governo de Caracas, esse contrabando causa perdas milionárias ao país.
O governo estima que cerca de 40% dos produtos básicos que se encontram sob controle de preços saem do país de maneira ilegal.
A Venezuela tem a gasolina mais barata do mundo, vendida a US$ 0,01 por litro. Isso favorece a criação de um mercado paralelo de combustível. A empresa estatal Petróleos da Venezuela (PDVSA) calcula que com o contrabando são perdidos cerca de 100 mil barris diários de gasolina.
O setor empresarial e opositores do governo têm manifestado dúvidas de que as medidas apresentadas por Caracas possa resolver o problema do desabastecimento de alguns alimentos e itens básicos na Venezuela causado, em parte, segundo eles, pela queda da produção e falta de materiais e insumos.
Farinha. Ainda ontem, o presidente da companhia Empresas Polar, Lorenzo Mendoza, anunciou o aumento da produção de farinha de milho no país graças à ampliação da usina produtora de Chivacoa, no Estado de Yaracuy. "Com essa ampliação, o mercado terá um incremento de 21% do produto Harina Pan", afirmou Mendoza, segundo o jornal venezuelano El Universal.
O projeto, de acordo com o empresário, significou um investimento de 212 milhões de bolívares e vai criar cerca de 70 novos postos de trabalho. "Demonstramos nosso compromisso com a Venezuela. Nossa aposta é pelo país e sua gente, para seguir crescendo juntos", disse.
Segundo Mendoza, para satisfazer o mercado, a companhia tinha duas opções: ou aumentava a produção ou comprava do Estado usinas de processamento que não estavam produzindo em sua máxima capacidade. A empresa, reiterou o empresário, decidiu pela primeira alternativa. / AP
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