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Chavismo prende 6 e os acusa de tentar matar Maduro com explosivo em drone

Governo venezuelano assegura que presidente chavista foi alvo de tentativa de atentado enquanto discursava em parada militar sábado, quando detonação feriu 7 soldados; oposição teme que incidente seja usado como desculpa para aumento de repressão

Atualização:

CARACAS - O governo da Venezuela iniciou neste domingo, 5, com a prisão de seis pessoas, a reação ao que considerou um atentado contra um comício do presidente Nicolás Maduro na tarde do sábado. Em meio a versões distintas sobre o que teria causado a interrupção de sua fala, o líder chavista responsabilizou os Estados Unidos e a Colômbia pelo episódio. 

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Após um grupo aparentemente composto por dissidentes militares ter reivindicado a autoria da ação, a oposição venezuelana teme que o governo use o episódio para aumentar a repressão contra seus críticos. 

Segundo autoridades chavistas, todos os autores materiais e intelectuais do ataque foram identificados. “Prendemos terroristas e capangas”, disse o ministro do Interior Nestor Reverol. “Além disso, foram apreendidos veículos e organizadas operações de busca e apreensões por todo país que recolheram provas importantíssimas.”

Discurso de Maduro é interrompido na Venezuela; governo denuncia ataque com drones Foto: Reprodução de TV/ Reuters

Ainda de acordo com Reverol, um dos seis suspeitos detidos tinha um mandado de prisão pendente por um ataque em 2017 sobre uma base militar, e um segundo já tinha sido preso em 2014 por participar em protestos contra o governo.

O procurador-geral, Tarek William Saab, ligado ao governo, informou que revelará na segunda-feira, 6, as identidades dos detidos. “Haverá uma sanção implacável”, alertou.

Segundo o governo venezuelano, drones carregados com explosivos atingiram um comício comandado pelo líder chavista em Caracas. Um vídeo divulgado nas redes sociais mostra o momento em que uma explosão é ouvida e os seguranças de Maduro, que fazia um discurso, correm para protegê-lo com um escudo à prova de balas.

Ao contrário do presidente, que permaneceu de pé, observando impassível o que acontecia, vários militares a seu lado se abaixaram e, pouco depois, Maduro foi retirado do local. Sua mulher, Cilia Flores, e vários nomes importantes do governo também estavam no palanque.

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O grupo intitulado Soldados de Franelas, composto aparentemente por dissidentes militares, reivindicou o ataque. “Nosso objetivo era mandar dois drones com C4 no palco presidencial, mas eles foram abatidos por atiradores de elite”, disse o grupo no Twitter. “Demonstramos que são vulneráveis. É questão de tempo.” 

Houve registro de incêndio em um edifício próximo do local do discurso. Um policial que pediu anonimato afirmou que deste imóvel saíram os drones e um deles explodiu. Outras versões, no entanto, indicam que ali houve apenas uma explosão acidental de um botijão de gás.

Repressão 

Opositores dizem que o governo já utilizou incidentes como esse como pretexto para endurecer medidas contra opositores, incluindo a prisão de alguns dos mais conhecidos líderes do país. A advertência de Maduro gerou temores de uma nova ofensiva contra os opositores. Estima-se que o chavismo ainda mantenha 248 presos políticos, entre eles o dirigente Leopoldo López, em prisão domiciliar.

Militar fica ferido durante discurso de Maduro na Venezuela Foto: Xinhua/AP

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“Alertamos que aquilo até agora anunciado pelo governo abre a porta para uma perseguição e onda de repressão que pode justificar qualquer coisa”, afirmou Nicmer Evans, dissidente do chavismo e líder da opositora Frente Ampla.

“Não queremos atentados nem auto-atentados, não queremos golpes nem autogolpes. Tampouco queremos mais hiperinflação, mais fome ou mortes por falta de remédios”, afirmou Jesús Torrealba, ex-secretário da coalizão opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD), atualmente dividida.

Em discurso na noite de sábado, Maduro afirmou que não haverá perdão para os responsáveis pelo ataque. “Os perseguiremos e os capturaremos onde quer que estejam escondidos. Eu prometo!”

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Diante de uma enorme rejeição popular em consequência do colapso econômico, Maduro atribuiu o ataque à “ultradireita”, como se refere à oposição, e ao presidente colombiano. “Não tenho dúvidas de que o nome de Juan Manuel Santos está por trás deste atentado”, afirmou Maduro. A chancelaria colombiana afirmou que a acusação de Maduro carece de credibilidade. 

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O líder venezuelano afirmou que os financiadores da ação vivem na Flórida e pediu ao presidente Donald Trump que “lute contra esses grupos terroristas.” Nos EUA, o assessor de segurança nacional do presidente Donald Trump, John Bolton, negou qualquer envolvimento de Washington com o episódio. “Posso afirmar categoricamente que não houve absolutamente nenhuma participação do governo americano no que aconteceu”, afirmou Bolton ao canal Fox. 

Os governos de Cuba, Bolívia, Síria, Irã, Turquia e Rússia – aliados do governo socialista – condenaram o incidente. A Espanha criticou “qualquer violência com fins políticos” e a Alemanha afirmou que “acompanha de perto a evolução do caso”. / AP, AFP, EFE e REUTERS

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