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Venezuela suspende acordo de fornecimento de combustível à Colômbia

As relações comerciais entre os dois países estão congeladas por conta de acordo militar com EUA.

Por Claudia Jardim
Atualização:

O governo da Venezuela anunciou, nesta quarta-feira, que não renovará o acordo de venda de gasolina a preços preferenciais para a Colômbia. Com vigência de um ano, o acordo venceu na terça-feira. O ministro de Energia e Petróleo da Venezuela, Rafael Ramírez disse que o governo "não vê razões para renová-lo". "Não estamos dispostos a continuar subsidiando a economia colombiana quando do outro lado estão tomando decisões extremamente inamistosas para o nosso povo", afirmou Ramírez. A medida é parte de um conjunto de ações que o governo venezuelano vem tomando desde julho, quando decidiu "congelar" as relações comerciais com a Colômbia em resposta à decisão deste país de negociar um acordo militar que pode permitir aos Estados Unidos a utilização de sete bases militares em território colombiano. Pelo acordo - estabelecido para combater o contrabando - a Colômbia comprava cerca de 120 mil barris de gasolina mensais a preços preferenciais que logo eram revendidos nos estados fronteiriços a US 1,5 por litro. No resto da Colômbia, o litro da gasolina chega a custar US$3,78. 'Rejeição' Na Venezuela, em compensação, o combustível, que tem preço congelado há 10 anos, custa US$ 0,04 - valor que atrai os contrabandistas. De acordo com o Ministério de Energia e Petróleo, 26 mil barris de gasolina são contrabandeados diariamente para a Colômbia. Para coibir esta prática, Ramírez disse que os militares venezuelanos estabelecerão um "controle mais restrito" na área fronteiriça com a ajuda de 120 fiscais. O ministro reiterou ainda o teor político da medida e pediu à para que os venezuelanos e colombianos "rejeitem" a presença de bases norte-americanas na Colômbia "porque é um assunto que vai prejudicar as relações entre os dois países". A Venezuela anunciou que pretende substituir as importações provenientes da Colômbia, medida que deve afetar o saldo da balança comercial entre Caracas e Bogotá, que fechou o ano passado com um saldo de US$7,2 bilhões. Os principais beneficiários desta decisão serão os importadores brasileiros e argentinos. Na semana passada, a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, se reuniu com o líder venezuelano, Hugo Chávez, para incrementar o comércio entre os dois países. Esta semana é a vez do Brasil. O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, lidera uma comissão de cerca de 80 empresários brasileiros que negociam novos acordos comerciais e de cooperação com o governo venezuelano. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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