Venezuelanos marcham em protesto contra Chávez

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Por Agencia Estado
Atualização:

Centenas de milhares de pessoas com bandeiras da Venezuela começaram a marchar no início da tarde dos quatro cantos de Caracas em direção à região de Altamíra, no município de Chacao, onde esperam uma concentração de mais de 150 mil pessoas para protestar contra o governo do presidente Hugo Chávez, pedir a sua renúncia e eleições antecipadas para o início do próximo ano. As quatro principais redes privadas de TV do país, como nos últimos 13 dias, estão transmitindo ininterruptamente essa marcha e incitando os venezuelanos a aderirem. Até por volta das 18h30 (20h30 de Brasília), a polícia não havia registrado nenhum incidente entre os manifestantes. Os organizadores, entre eles a Fedecâmaras (empresários do setor privado) e a Confederação de Trabalhadores de Venezuela (CTV), vem afirmando em declarações constantes aos canais de TV que a marcha é e será pacífica e democrática. ?A saída para a crise do país é eleitoral?, afirmam incansavelmente. A proposta da oposição, no entanto, é inconstitucional, já que Chávez ganhou sete eleições e plebiscitos consecutivos nos últimos quatro anos. Carlos Ortega, presidente da CTV, disse que Chávez deveria agir com dignidade e como estadista e renunciar. ?Esse senhor perdeu apoio popular?, afirmou. Apesar da calma momentânea, a chance da marcha acabar em violência é grande, já que as manifestações, tanto do lado da oposição como do povo que apóia Chávez, estão cada vez mais violentas e agressivas. Caracas, ao contrário do interior do país, é o lugar mais complicado do país. Para analistas políticos independentes, a convocação de eleições limpas neste momento teria efeito quase nulo, já que as campanhas políticas ficariam restritas a áreas onde os candidatos têm trânsito sem risco de serem expulsos. ?Quem optou pelo povo sempre correrá o risco de escutar que se dedique ao povo. Quem optar por representar a classe média não poderá entrar nos bairros mais pobres porque seria contundentemente rejeitado. Como seriam uma campanha eleitoral e eleições limpas nessas condições?, indaga o professor Samuel Moncada, diretor da Faculdade de História da Universidade Central de Venezuela (UCV). ?Nesse sentido, a sociedade está fraturada. Trata-se de fratura social que, para sarar, vai levar anos?, defende. Para ele, o problema político pode ser resolvido com pactos institucionais, mas o problema social, não. Por isso, acrescenta Moncada, a crise venezuelana é histórica. ?As pessoas que sempre estiveram à margem da sociedade e do sistema político sentem que o poder atual os defende dessa oposição que está aí. Por isso, é preferível Chávez, que não os ataca.?

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