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Verdes garantem vitória do governo na Alemanha

Partido de Schroeder, o SPD, perde espaço, mas o avanço dos verdes de Fischer permite manutenção da coalizão no poder

Por Agencia Estado
Atualização:

O atual chanceler alemão, Gerhard Schroeder, do Partido Social-Democrata (SPD), permanecerá no cargo por mais quatro anos, apesar de seu partido ter perdido cadeiras no Bundestag (Parlamento) em relação à eleição de 1998. Ao contrário, a coligação democrata-cristã CDU/CSU, do governador da Baviera, Edmund Stoiber, aumentou sua bancada. Schroeder ficará devendo sua reeleição à Aliança 90/Os Verdes - do atual ministro das Relações Exteriores, Joschka Fischer -, sócio minoritário da coalizão governista e terceira força do Bundestag. Numa das eleições alemãs mais acirradas do pós-guerra, o SPD, recebeu 38,5% dos votos (251 cadeiras), 2,4 pontos a menos que em 1998, e a CDU/CSU teve o mesmo porcentual 38,5% (248 cadeiras), 3,4 pontos a mais do que na última eleição (as três cadeiras a mais do SPD foram votos dados diretamente a parlamentares do partido). Apesar de o SPD ter menos votos, Schroeder deverá manter-se no cargo com a ajuda dos verdes, que, liderados por Fischer, apontado como o político mais popular do país, conquistaram 8,6% (55 cadeiras), crescendo quase 2 pontos em relação a 1998. O parceiro natural da CDU/CSU numa coalizão, o Partido Liberal Democrata (FDP), ficou com 7,5% (47 cadeiras). Faltam apurar 0,3% dos votos. O PDS (ex-comunista) só teve dois candidatos eleitos na votação direta realizada em cada distrito. Assim, sua bancada no Parlamento cai de 37 para 2 cadeiras. Estavam em disputa 598 cadeiras, mas, como resultado de uma complexa equação matemática que determina o número de candidatos eleitos por partido em cada Estado, postos parlamentares adicionais serão criados, elevando o número para 603. Eufórico, Schroeder comemorou ao lado de Fischer. "Temos tempos difíceis pela frente e vamos enfrentá-los juntos", disse Schroeder. Stoiber não chegou a admitir a derrota, mas declarou em Munique que a maioria obtida pela coalizão de Schroeder é muito pequena para garantir um governo estável. "Se o resultado não nos permitir formar o governo, então prevejo, diante de vocês, que o governo de Schroeder vai ter curta duração", afirmou a partidários. Poucos minutos depois das 18 horas de ontem (13 horas em Brasília), quando as urnas se fecharam e as TVs divulgaram as projeções, com base em pesquisas de boca-de-urna, os dois proclamavam vitória. "Só tenho certeza de uma coisa: vencemos as eleições", discursou Stoiber. Na sede do SPD em Berlim, Schroeder reagiu também com um discurso: "Às vezes, quem ri primeiro não continua rindo até o fim." Stoiber era o favorito para assumir a chefia do governo até o começo de agosto, quando mantinha uma diferença de 7 pontos sobre o SPD de Schroeder - que, em seu mandato, não conseguiu reduzir o número de 4 milhões de desempregados no país nem romper a estagnação da economia. Como ponto forte, apresentava os indicadores econômicos da Baviera, melhores do que a média de outros Estados. As chuvas afetaram em agosto várias cidades da Alemanha - e a boa atuação do chanceler na gestão da emergência -, a inflexível posição de não apoiar uma intervenção militar contra o Iraque e o bom desempenho nos dois debates na TV contra Stoiber reverteram a tendência nas pesquisas e o SPD empatou tecnicamente com a CDU/CSU. Nos últimos dias, porém, Schroeder teve de enfrentar uma tempestade política. Num discurso para sindicalistas na quarta-feira, a ministra da Justiça, Herta Daeubler-Gmelin, estabeleceu paralelos entre os métodos do presidente dos EUA, George W. Bush, e Hitler, azedando as já difíceis relações bilaterais.

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