VIENA - Um vereador do ultranacionalista FPÖ, partido que governa a Áustria em coalizão com o ÖVP, renunciou nesta terça-feira, 23, após publicar um poema no qual comparava imigrantes a ratos. O vereador Christian Schilcher também era vice-prefeito de Braunau am Inn, cidade natal de Adolf Hitler.
O vice-chanceler da Áustria e líder do FPÖ, Heinz-Christian Strache, anunciou a renúncia nesta terça-feira, 23. Schilcher deixará também o FPÖ para evitar danos ao partido, segundo Strache.
O anúncio foi feito em um evento de lançamento da campanha do partido para as eleições da Eurocâmara. O FPÖ participará da aliança ultradireitista liderada pelo vice-primeiro-ministro da Itália, Matteo Salvini.
O vereador escreveu o poema intitulado como Die Stadtratte (O rato urbano, na tradução livre). O texto foi divulgado na semana passada em um panfleto no qual o FPÖ desejava feliz Páscoa aos moradores de Braunau am Inn. O período também coincidiu com o aniversário de Hitler, no dia 20 de abril.
O poema critica a mistura de culturas e diz que os imigrantes que não se adaptarem à vida local devem ir embora rapidamente.
O chanceler da Áustria, Sebastian Kurz, afirmou que o texto é "extremamente racista" e exigiu que o FPÖ afastasse o vereador.
Segundo a agência austríaca APA, o Ministério Público está avaliando se processará Schilcher por crime de incitação ao ódio.
Essa não foi a primeira vez que o FPÖ se envolveu na publicação de mensagens ou controvérsia racistas, xenófobas e até neonazistas.
Desde que chegou ao poder, no fim de 2017, o governo de coalizão do ÖVP e FPÖ centrou seu discurso na imigração, com medidas como reduzir as ajudas sociais e mensagens que vinculam os refugiados à delinquência.
Em fevereiro, o governo anunciou estar estudando fórmulas legais que permitam deter de maneira preventiva solicitantes de asilo considerados "perigosos".
O Partido Social-Democrata, de oposição ao governo da Áustria, ressaltou que o poema lembra de "forma fatal" o tratamento dado a determinados grupos de pessoas durante o nazismo.
A propaganda realizada pelo partido de Hitler na época chamava os judeus de ratos para que eles não fossem considerados humanos. / EFE