
19 de março de 2009 | 08h21
O júri do caso do austríaco Josef Fritzl, que manteve sua filha num porão por 24 anos e teve sete filhos com ela, está reunido para deliberar sobre o veredicto.
Fritzl, de 73 anos, admitiu todas as acusações feitas contra ele - incluindo estupro, incesto, assassinato (por negligência) e prática de escravidão.
Falando ao júri, Fritzl disse: "Eu lamento do fundo do meu coração o que fiz a minha família. Infelizmente, não posso desfazer o que fiz. Posso apenas tentar limitar o dano da melhor forma que puder".
O réu pode ser condenado a uma pena máxima de prisão perpétua. De acordo com as leis austríacas Fritzl deverá cumprir a pena mais alta dentre as que recebeu pelos crimes cometidos.
Neste caso, a sentença seria estabelecida com base no crime de homicídio por negligência, que de acordo com a lei prevê de dez a vinte anos de prisão, com possibilidade de prisão perpétua dependendo da gravidade do caso.
Juridicamente, uma confissão pode ajudar a diminuir a severidade da pena.
Adelheid Kastner, a psiquiatra que traçou o perfil psicológico de Josef Fritzl, sugeriu que ele fosse confinado numa instituição para pacientes com demências anormais.
Num depoimento à TV local ORF, a profissional que passou um total de 25 horas entrevistando o acusado afirmou que é grande a possibilidade de ele tentar cometer suicídio.
"Quando ele confessou seus crimes, chegou o momento que seu castelo de cartas desmoronou. Ele terá problemas para conviver com sua nova realidade", afirmou Kastner.
O último dia do julgamento começou de forma tumultuada no tribunal, quando o advogado de defesa Rudolf Mayer distribuiu para imprensa cópias de um e-mail que teria recebido, com ameaças de morte.
No início da sessão, a promotora Christiane Burkhaiser fez o seu discurso apelando aos jurados pela pena de prisão perpétua.
Depois, foi a vez de Mayer fazer suas considerações finais, pedindo uma diminuição da pena diante da confissão do réu.
O advogado confirmou em seu discurso que Elisabeth Fritzl esteve presente no tribunal durante a sessão de terça-feira, em que foi exibido seu depoimento gravado em vídeo, descrevendo os abusos sofridos durante os 24 anos de cativeiro.
Neste período, Elisabeth deu à luz sete filhos de Fritzl. Três das crianças cresceram com ela, no porão e outras três foram criadas por Fritzl e sua mulher, em casa dele. Um sétimo filho morreu pouco depois de nascer, após apresentar problemas respiratórios.
Este teria sido o pivô da acusação de assassinato por negligência já que, apesar dos pedidos de Elisabeth, Fritzl se negou a buscar ajuda para a criança.
O réu disse que o depoimento da filha o fez mudar de ideia e se declarar culpado de todas as acusações.
A polícia austríaca agora está investigando se existe a ligação de Josef Fritzl com outros quatro casos de homicídios ligados à violência sexual que ocorreram na Áustria em locais perto de onde ele morou.
Os delitos ocorreram entre 1966 e 2007. A polícia já fez buscas na casa de Fritzl atrás de objetos destas vítimas, mas não encontrou nada.
Como suspeito, ele pode ser submetido a interrogatórios sobre cada um dos casos.BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.
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