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Viagens de líder exibem face dos EUA multilaterais

Por Luciana Alvarez
Atualização:

Aproveitando sua grande popularidade e determinado a melhorar a imagem dos EUA no mundo, o presidente Barack Obama fez cinco viagens para o exterior em menos de seis meses de mandato. No curto período comandando a Casa Branca, ele já passou por 15 países - na América, Europa, Oriente Médio e África - e reuniu-se com mais de 60 chefes de Estado e governo. A maratona de Obama logo no início de mandato supera as viagens do ex-presidente George W. Bush no mesmo período. Ao fim dos primeiros seis meses de presidência, Bush havia visitado apenas o México e ido duas vezes à Europa, onde compareceu a cúpulas da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), União Europeia e G-8, nas quais a presença do presidente americano é praticamente obrigatória. Em certa medida, o aumento dos compromissos externos de Obama pode ser interpretado como reflexo da globalização. Atualmente, os EUA admitem que precisam de outros países para aliviar alguns problemas internos, como atingir seus objetivos nas guerras no Iraque e Afeganistão e resolver problemas econômicos. Mas a necessidade urgente de melhorar a imagem do país - em baixa por causa de oito anos de um governo pouco carismático e das duas guerras - e a diferente visão política de Obama também contribuíram para o incremento de sua agenda. "Desde a campanha, Obama prometia restaurar a liderança moral dos EUA. As viagens servem para mostrar, na prática, o novo paradigma do multilateralismo", afirmou ao Estado David Speedie, diretor do Programa de Engajamento Global Americano, do Carnegie Council. "Em política, as aparências importam muito." Além de aumentar o número de países visitados, o novo paradigma de Obama é apresentado ao mundo por meio da escolha de destinos pouco comuns ou hostis. Além de prestigiar os aliados mais tradicionais, como a Grã-Bretanha, Obama também foi até a Rússia, com quem os laços diplomáticos andavam estremecidos, e a três países de maioria muçulmana - Turquia, Egito e Iraque - para reafirmar que os EUA não estão em guerra contra o Islã. Anteontem, desembarcou na África Subsaariana, normalmente ignorada pelos americanos. Na maioria das vezes, Obama foi recebido com entusiasmo pela população e conseguiu distender tensões com governantes locais. O resultado das visitas, porém, não é imediato nem pode ser analisado isoladamente. Por enquanto, a política do diálogo não conseguiu comover Irã e Coreia do Norte, que continuam batendo de frente com Washington.

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