Vice de McCain critica a mídia

Em seu discurso, Sarah diz que não está indo a Washington para agradar aos repórteres, mas para servir ao país

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Por Patrícia Campos Mello
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Ao aceitar a indicação como vice-presidente na chapa do candidato republicano, John McCain, Sarah Palin atacou ontem duramente a imprensa que passou os últimos dias questionando sua experiência e investigando a vida pessoal da governadora do Alasca. "Como aprendi rapidamente nos últimos dias, se você não pertence à elite de Washington, por este único motivo algumas pessoas da mídia vão considerá-lo um candidato não qualificado", disse Sarah, na terceira noite da Convenção Nacional Republicana. "Mas aqui vai uma dica para os repórteres e comentaristas: eu não estou indo para Washington para cair nas graças de vocês, eu estou indo para Washington para servir a este grande país", disse Sarah, que foi recebida com cartazes que diziam "Palin Power" A noite se transformou em um libelo contra a "mídia de esquerda". "Eu queria agradecer à mídia de elite por unir o partido", discursou ontem o ex-governador do Arkansas Mike Huckabee, que disputou a primária republicana. "E para aqueles que falam da experiência de Sarah, eu gostaria de lembrar que ela recebeu mais votos concorrendo à prefeitura de Wasilla do que Joe Biden concorrendo à presidência dos Estados Unidos", disse Huckabee. Biden, vice de Obama, disputou a primária democrata. Durante o dia, a assessoria de campanha de McCain havia criticado duramente os meios de comunicação por causa das questões levantadas sobre Sarah. "Essa controvérsia é produto de um fabricado escândalo de mídia que se destina a destruir a primeira mulher republicana nomeada para vice nos EUA, que nunca fez parte da rede de jovens senhores que domina o establishment das comunicações do país", dizia uma nota assinada pelo estrategista de campanha Steve Schmidt. Em seu discurso, Sarah ridicularizou o currículo do candidato democrata, Barack Obama. "Antes de tornar-me governadora do grande Estado do Alasca, fui prefeita de minha cidade . E já que meus oponentes desprezam essa minha experiência, deixe-me explicar a eles do que consiste esse cargo - ser prefeita de uma cidade pequena é como ser líder comunitário, só que você tem responsabilidades reais", disse Sarah, ironizando a experiência de Obama como líder comunitário. Sarah teve ontem a oportunidade de reapresentar-se aos eleitores, após uma série de eventos embaraçosos - entre os quais, a gravidez de sua filha de 17 anos, Bristol, que deixou a governadora ultraconservadora e a campanha republicana na defensiva. Evangélica devota, pró-armas e opositora ferrenha do aborto e do casamento gay, Sarah trouxe euforia à base conservadora do partido, que tinha reservas sobre McCain. Mas o restante dos republicanos e independentes ainda está desconfiado com a escolha. "Os problemas que surgiram (a pressão para demitir, por questões pessoais, o ex-cunhado e a gravidez da filha, por exemplo) serão superados", disse ao Estado Jerry Hagstrom, comentarista político e autor do livro Além de Reagan: O novo cenário da política americana. "Mas seu grande problema é a falta de experiência. Será que os eleitores acreditarão que ela pode lidar com Irã, Putin e Paquistão na ausência de McCain?" Sarah tentou reforçar suas credenciais em política doméstica, falando sobre energia. "Em janeiro, em um governo McCain-Palin, nós vamos construir mais oleodutos, mais usinas nucleares, criar empregos com carvão limpo e avançar em fontes alternativas como energia solar, eólica e geotérmica." O marido, seus cinco filhos e o namorado de sua filha Bristol, Levi Johnston, estavam na platéia. Sarah fez questão de mencionar que seu filho mais velho é um soldado e seu filho mais novo tem problemas (ele tem síndrome de Down). McCain fez uma aparição-surpresa para saudar Sarah e depois foi nomeado oficialmente pelos delegados como o candidato do partido.

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