LA PAZ - O vice-ministro do Interior da Bolívia, Marcos Farfán, responsável por ordenar a repressão policial contra uma marcha de indígenas que se opõem à construção de uma estrada, renunciou nesta terça-feira, 27, e será submetido a investigações, informaram fontes do governo, segundo a agência AFP.
"Queremos informar que o vice-ministro Marcos Farfán apresentou sua renúncia para se submeter a uma investigação e terá que assumir a responsabilidade sobre os ocorridos do domingo", anunciou o ministro da Presidência, Carlos Romero.
O titular da pasta do Interior, Sacha Llorenti, perseguido pelos setores sociais, confirmou a versão e afirmou que a repressão policial não foi ordenada pelo presidente Evo Morales e também não contou com a participação do ministro do governo, que não deu "qualquer ordem ou autorização" para a ação.
A repressão, disse ele, "foi uma decisão tomada pelo vice-ministro Farfán por sugestão de alguns chefes policiais. Nós tomamos conhecimento da situação quando a ação já estava em curso".
Farfán, por sua vez, disse que a repressão não foi uma decisão sua, "mas algo que as medidas operacionais produziram, foi o calor da intervenção que se realizou no local". A ação contra a marcha indígena "foi uma resposta a uma decisão operativa e não uma determinação do órgão executivo, nem da minha pessoa", concluiu.
A onda de violência contra os indígenas provocou a demissão da ministra da Defesa, Cecilia Chacón, e da diretora do Departamento de Migração, María René Quiroga, que não concordaram com a ação policial. O presidente Morales também suspendeu a construção da estrada que causou os confrontos.