
07 de julho de 2020 | 16h49
QUITO - O vice-presidente do Equador, Otto Sonnenholzner, o terceiro nos últimos três anos, anunciou nesta terça-feira, 7, que renunciou ao cargo no momento em que o país se prepara para as eleições gerais de fevereiro de 2021.
"Não é uma decisão fácil, o mais cômodo seria ficar, mas nunca agi em torno de minha comodidade. Por isso, hoje o responsável é sair", disse Sonnenholzner em um discurso oficial transmitido pela rádio e televisão, sem informar se tomou essa decisão para se candidatar à presidência.
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"Sempre disse que não estou aqui pelo cargo, pelo salário ou pelas honras, que no momento em que sentisse que este cargo se tornou um impedimento para servir e abordar os assuntos mais relevantes do país, preferiria sair como entrei e é isso o que farei", acrescentou.
A Assembleia Nacional, que o elegeu em dezembro de 2018, deve se pronunciar se aceita ou não a renúncia, como determina a Constituição. Se aceitar, deverá eleger o novo vice-presidente de uma pequena lista que será apresentada pelo presidente Lenín Moreno para concluir o atual período presidencial, até maio de 2021.
Jorge Glas, vice-presidente eleito em 2017, perdeu o cargo por abandono por estar preso enquanto aguardava julgamento, referente a subornos recebidos da construtora Odebrecht, e hoje cumpre seis anos de condenação.
Sua sucessora, María Alejandra Vicuña, eleita pelo Congresso em janeiro de 2018, renunciou à vice-presidência em dezembro do mesmo ano, ao ser acusada também por casos de corrupção.
Faltando sete meses para as eleições gerais do Equador, ainda não há candidatos oficializados para concorrer à presidência para o período 2021-2025. Sonnenholzner, um político independente, não descartou a possibilidade de ser candidato.
"Devemos focar em objetivos comuns, desistindo de qualquer interesse particular para alcançar uma sociedade justa, próspera e equitativa. Farei esse esforço de fora da vice-presidência. Dessa forma, não haverá dúvida sobre o uso de recursos públicos para isso", afirmou ele em seu mensagem para a nação.
"O Equador enfrentará uma das eleições mais relevantes de sua história e, por esse motivo, hoje, o melhor serviço que pode ser prestado ao nosso país é trabalhar na construção de um caminho que nos afaste da desigualdade, fome, desemprego e da corrupção, males que nos assombram há muito tempo", acrescentou.
O movimento esquerdista pró-governo, Alianza País (AP), liderado por Moreno e no poder desde 2007, ainda não decidiu se apresentará algum candidato à presidência. O ex-presidente Rafael Correa (2007-2017) mantém uma briga com Moreno, depois de terem sido aliados.
Correa, que vive na Bélgica desde que deixou a presidência, está proibido de concorrer ao cargo porque a lei impede a reeleição por tempo indeterminado, e ele foi condenado em ausência pelo sequestro de um detrator.
O governante também não comentou a renúncia de Sonnenholzner, que liderou o trabalho do governo diante da pandemia do novo coronavírus, da qual o país foi um dos primeiros focos na América Latina e é um dos mais atingidos, registrando 62.380 casos, incluindo 4.821 mortes (28 mortes por 100 mil habitantes). / AFP
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