Vida profissional eleva taxa de suicídio na Europa

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Por Agencia Estado
Atualização:

As jornadas internacionais de prevenção ao suicídio que se realizam atualmente em Paris estão evidenciando um preocupante aumento do número de casos de suicídio ligados à vida profissional - demissões, reestruturações empresariais ou assédio moral no local de trabalho. A faixa etária mais ameaçada por problemas psicológicos dessa natureza situa-se entre 24 e 44 anos, mas são os jovens homossexuais os mais vulneráveis psicologicamente. Segundo um estudo de Christian Larose, presidente da departamento do trabalho do Conselho Econômico e Social da França, a privação do emprego contribui também para aumentar os casos de toxicomania e crises de violência, além de outros problemas causados por perturbações psicológicas. Por isso, o professor Michel Debout, um dos organizadores desse conclave e presidente da União Nacional para a Prevenção do Suicídio (UNPS), adverte: "É preciso que o desempregado seja apoiado no plano médico-psicológico, mesmo porque, se existe uma medicina do trabalho, não existe ainda uma medicina especializada do desemprego". O suicídio ligado ao trabalho não constitui um fenômeno novo. No setor da confecção, ocorrem cerca de 2000 demissões por mês, sendo que 40 suicídios foram registrados nesses últimos 8 anos, todos conseqüência desse tipo de problema social. Trata -se , entretanto, de um fenômeno que tem se acentuado a cada ano, diante do desespero de alguns assalariados vítimas de reestruturações ou de planos de redução de efetivos diante da crise econômica. O setor público está mais guarnecido, pois as demissões são mais difíceis, mas nesse área é o assédio moral o que mais prevalece como causa das tentativas de suicídio. Os assalariados são submetidos a uma posição de constante concorrência ou são objeto de solicitações excessivas de organização do trabalho, e muitas vezes podem desenvolver uma hiperatividade profissional insuportável, diz o doutor Dominique Huez, vice-presidente da Associação Saúde e Medicina de Trabalho. A cada três segundos no mundo ocorre uma tentativa de suicídio e a cada 40 segundos uma pessoa se suicida efetivamente, segundo a OMS, a Organização Mundial da Saúde; 57% dos suicídios são praticados por pessoas de idade inferior a 44 anos. A taxa do suicídio tem sido sempre mais elevada entre os homens, sendo a China uma exceção, onde as mulheres se suicidam 1,3 vezes mais do que as pessoas do sexo masculino. A França é líder dos suicídios de pessoas idosas. Em 1998, três mil pessoas de idade superior a 65 anos se suicidaram na França, constatando-se reações de relativa indiferença da sociedade, quando isso ocorre.

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