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'Vidas negras importam': Dona de restaurante depredado sai em defesa de manifestantes

Casa de chás na capital dos EUA incentivou consumidores a dar preferência a estabelecimentos conduzidos por negros

Foto do author Beatriz Bulla
Por Beatriz Bulla e Correspondente
Atualização:

WASHINGTON - "Antes que qualquer um coloque palavras na nossa boca: vidas negras importam." A postagem no Twitter no último domingo não era apenas mais uma como as várias em apoio aos protestos que têm acontecido nos Estados Unidos. Era a mensagem da proprietária de um restaurante que fora depredado entre os protestos nos arredores da Casa Branca.

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Michelle Brown, uma das sócias do Teaism, casa de chás e restaurante asiático, não queria deixar dúvida sobre o lado em que está mesmo depois de saber que sua propriedade estava em chamas.

A publicação foi feita antes que ela saísse de casa para conferir o que havia acontecido no restaurante, já depois da meia noite. Em um dos episódios violentos que marcaram os protestos nos arredores da Casa Branca no final de semana, manifestantes quebraram a entrada da casa de chás, que pegou fogo. 

Estátua da Liberdade quebrada após protestos em Nova York Foto: Johannes EISELE / AFP

Nada disso, no entanto, fez as donas do estabelecimento se voltarem contra os protestos. Pelo contrário, o apoio aos manifestantes foi ampliado nas redes sociais, assim como o chamado para que consumidores passem a dar preferência a estabelecimentos conduzidos por negros - o que não é o caso das donas do Teaism.

"Isto é maior do que nós e estamos todos vivos e bem - um privilégio. O que aconteceu, aconteceu. Não é sobre tolerar ou não tolerar a tática. A fotografia mais ampla é que não deveria ser controverso ou político dizer que a América precisa de cura e, para fazer isso, precisa reconhecer desigualdades profundas", escreveram as duas proprietárias do restaurante nas redes sociais da marca. 

Ao visitar o estabelecimento depois da depredação, Michelle Brown não negou que era triste ver o local destruído, mas disse que como ela se sente não era importante, pois "o momento não é sobre ela". "Há 100 mil pessoas mortas. Um homem teve um policial sentado no seu pescoço por nove minutos. Há coisas horríveis acontecendo neste país. Eu me sinto abençoada e sortuda todos os dias que estou em confinamento", disse ao site Washingtonian, de notícias locais.

A postura recebeu elogios e fez com que consumidores dissessem que comprariam comida e chás do negócio em apoio ao posicionamento. As proprietárias agradeceram, mas sugeriram que a população apoie restaurantes com proprietários negros.

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"Soubemos que vocês estão ansiosas para nos apoiar e comprar chá - somos um negócio pequeno e amaríamos! (...) Mas por favor considerem contribuir financeiramente para causas importantes e negócios que têm proprietários negros agora", afirmaram. 

Elas receberam apoio de consumidores  também de proprietários de restaurantes da região pela postura adotada: "Nós estamos com você. lamentamos o que aconteceu...mas você está certa, vidas negras importam", escreveu o chef José Andrés, proprietário de pelo menos cinco restaurantes no centro da capital americana.

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