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Vídeo postado no YouTube mostra agressão no Egito

Policiais gravaram e retransmitiram imagens de espancamento e abuso sexual

Por Agencia Estado
Atualização:

A cena é chocante: um homem cai no chão de uma delegacia, gritando, à medida em que oficiais da polícia vão sodomizando ele com um bastão de madeira. Tudo isso sendo mostrado, praticamente ao vivo, pela tela de um celular. Passado o choque, a ficha caiu: foi a própria polícia quem produziu a filmagem e, depois, retransmitiu as imagens da agressão, para diversos números telefônicos, com a finalidade de humilhar publicamente o homem. Para o Egito, a difícil provação pela qual Emad el-Kabir, de 21 anos, tem passado é algo que as autoridades insistem em negar , mas que os grupos de defesa dos direitos humanos dizem ser prática cotidiana da brutalidade policial. Diferentemente da fita em que policiais brancos de Los Angeles, nos EUA, aparecem espancando o afro-americano Rodney King (o que desencadeou uma série de distúrbios raciais na cidade em 29 de abril de 1991) e que foi exibida imediatamente, a agressão a el-Kabir aconteceu há um ano e só chegou a público meses depois, quando um blogueiro egípcio postou o vídeo hospedado no YouTube. Foi então que o jornal al-Fagr publicou a sua história e então apelou para que el-Kabir denunciasse o fato. Ele apareceu, deu uma entrevista à tevê e, logo depois, preencheu um formulário de reclamação contra os policiais agressores. É onde esta analogia com o caso de Rodney King chega ao fim. Poucas pessoas nesta nação de 74 milhões têm acesso à internet, e há poucas maneiras de punir os culpados pela humilhação que o jovem tem passado. Aliás, o único que pode ser culpado no caso é ele mesmo: os policiais o acusam de ter ferido um oficial com uma garrafa quebrada. Organizações ligadas à luta pelos direitos humanos afirmam que a brutalidade está enraizada na vida egípcia. "Tortura no Egito é apenas rotina. Usada contra todas as pessoas em casos de investigação de crimes e questões políticas. O pior é que a polícia não sente nenhuma vergonha de praticar", afirmou Mohammed Zarie, líder do Centro de Direitos Humanos para a Assistência dos Prisioneiros. Entrevista "Eu me senti tão humilhado", afirmou el-Kabir durante uma entrevista concedida à Associated Press. "Eles foram tão brutais, como se eles tivessem capturado um animal e fossem arrancar seu couro", disse.

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