Vigilância contra terrorismo será "hiperprioridade" do governo

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Por Agencia Estado
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A vigilância para verificar se há ramificações do terrorismo no País passará a ser uma "hiperprioridade" do governo, diz o ministro da Justiça, José Gregori. Os recentes atentados aos Estados Unidos, informou o ministro, fizeram com que o governo brasileiro já adotasse uma nova atitude: vigilância rigorosa da Polícia Federal em todos os aeroportos brasileiros, num trabalho que não vai limitar-se aos vôos internacionais e serviços de alfândega. A intenção do Planalto é fazer com que a fiscalização não perca intensidade com o passar do tempo. Mas o ministro alerta que tudo tem de ser feito sem alarmar a população. Ao mesmo tempo, a área de inteligência do País vem investigando denúncias sobre supostos terroristas, mas nada que leve aos grupos que atuaram nos Estados Unidos. Nos últimos dias, após o atentado ao World Trade Center, em Nova York, e ao Pentágono, em Washington, as denúncias de multiplicaram, porém ninguém foi detido até agora, nem como suspeito. Todas as informações estão sendo colhidas pela Coordenação de Inteligência da PF, que mantém tudo como segredo de Estado. A seção brasileira da Interpol - a Polícia Criminalística Internacional - também está trabalhando em regime de plantão e continuará assim até que sejam presos suspeitos pelo mundo. Mas nem todas as informações recebidas pela PF e pela Interpol estão sendo aproveitadas. Desde terça-feira, momentos após o ataque terrorista, os telefones da PF começaram a receber denúncias diversas. A maioria, entretanto, infundada. "Há uma semelhança com o que ocorreu durante a caçada ao juiz Nicolau dos Santos Neto, acusado de desvio de recursos das obras do Forum Trabalhista de São Paulo. Todo mundo via Nicolau por toda parte", afirma um delegado ligado à cúpula da PF. A situação atual, em menor proporção, assemelha-se ao período em que o Brasil entrou na Segunda Guerra. A polícia política do governo Vargas recebia, diariamente, centenas de denúncias contra supostos nazistas ou judeus, que também eram alvos de grupos ligados ao próprio governo. Nos últimos anos, um grupo especial da PF vem investigando a presença de estrangeiros - principalmente de origem muçulmana, árabe e judia - na fronteira do País com o Paraguai e em São Paulo, onde a presença dos imigrantes é a maior do País. "Nossas atenções estão voltadas para a capital paulista, uma cidade grande, com grande concentração de estrangeiros", diz uma fonte da PF ligada à área de inteligência. Brasília também não ficou de fora das investigações. Além da fiscalização permanente sobre as embaixadas, há um trabalho específico sobre a localização de suspeitos. O último, entretanto, foi há dois anos, quando suspeitou-se da presença de dois integrantes do Hammas, grupo radical palestino. As investigações foram deixadas de lado após a comprovação de que eles haviam deixado o Brasil. Outra presença confirmada no Brasil foi do Sendero Luminoso, o grupo guerrilheiro maoísta peruano, praticamente dizimado no governo Fujimori. Integrantes da organização foram presos no Acre - e depois fugiram - e havia suspeita da ligação deles com camponeses em Rondônia, por intermédio da Liga Operária Camponesa (LOC), que hoje atua no sul do Estado do Amazonas.

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