Vilarejo sírio guarda marcas de massacre

Acompanhando monitores da ONU, reportagem encontra marcas de sangue, restos humanos e prédios destruídos na aldeia de Qubair.

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Por BBC Brasil
Atualização:

Um correspondente da BBC, que acompanha monitores da ONU na Síria, viu nesta sexta-feira evidências de um massacre na aldeia de Qubair, que teria ocorrido dois dias antes. Paul Danahar encontrou marcas de sangue, restos humanos, prédios destruídos e queimados na aldeia, abandonada, localizada perto da cidade de Hama. Danahar descreveu "o cheiro de carne queimada no ar" da vila abandonada. Os animais de criação dos moradores também foram mortos. O correspondente diz que, segundo monitores da ONU, a única dica sobre quem fez o massacre eram as marcas de veículos militares deixadas no chão. Não está claro o que aconteceu com os corpos, desaparecidos, de dezenas de vítimas relatadas. A oposição culpou a milícia alawita shabiha, aliada de Bashar al-Assad, pelo massacre em Qubair. O governo acusou "terroristas" de matar civis. As vítimas parecem ser principalmente muçulmanos sunitas, que constituem a maioria da população. Guerra Não há consenso sobre o número de mortos em Qubair. A oposição reconhecida internacionalmente, o grupo Conselho Nacional, fala em 78, mas uma outra organização, o Observatório Sírio para Direitos Humanos, com sede na Grã-Bretanha, afirma que "pelo menos 55" pessoas morreram. A mídia estatal deu uma figura de nove. Condenando o massacre de Qubair, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, alertou para o perigo de guerra civil iminente. O enviado especial da ONU à Síria, Kofi Annan, disse que seu plano de paz de seis pontos não está sendo implementado. Analistas dizem que o principal risco é que a Síria seja vítima do mesmo tipo de violência sectária que ocorreu Líbano por décadas. A violência continuou nesta sexta-feira por toda a Síria, com relatos de bombardeios em Homs e ataques a bomba contra as forças de segurança em outros lugares. Alguns relatos falam que 40 pessoas morreram neste dia. A Cruz Vermelha alertou que 1,5 milhão de pessoas precisam de ajuda humanitária. China e Rússia, aliados da Síria, já vetaram resoluções do Conselho de Segurança da ONU contra o governo de Assad. A ONU diz que pelo menos 9 mil pessoas morreram desde que protestos pró-democracia começaram em março de 2011. Em abril, o governo da Síria informou que 6.143 cidadãos sírios foram mortos por "grupos terroristas". A ONU tem 297 observadores desarmados na Síria, para verificar a implementação do plano de Annan. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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