Villepin é investigado por caso de difamação

Ex-primeiro-ministro francês teria implicado Nicolas Sarkozy, então ministro do Interior, em escândalo forjado de contas ilegais

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Por Ap e Afp
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O ex-primeiro-ministro francês Dominique de Villepin foi informado ontem por dois juízes de que será formalmente investigado por sua atuação numa campanha em 2003 e 2004 para manchar o nome do atual presidente da França, Nicolas Sarkozy, então ministro do Interior. A campanha difamatória teria sido uma tentativa de Villepin de acabar com as pretensões presidenciais de Sarkozy, seu potencial rival na disputa pela sucessão de Jacques Chirac. "Em momento nenhum pedi uma investigação de políticos ou participei de maquinações políticas", disse ontem Villepin, que compareceu ao gabinete dos juízes Jean-Marie d?Huy e Henri Pons, em Paris. Se indiciado formalmente, o ex-primeiro-ministro responderá por "cumplicidade em denúncias difamatórias" e "cumplicidade no uso de falsificações", entre outros delitos. Caso seja condenado, pode pegar até 5 anos de prisão e pagar uma multa de 375 mil (cerca de US$ 500 mil). O ex-premiê foi proibido pelos juízes de encontrar-se com outros protagonistas do caso, entre eles o ex-presidente Chirac. Se não cumprir a ordem, Villepin terá de pagar uma multa de 200 mil (cerca de US$ 270 mil). Fontes judiciais disseram que os advogados do ex-primeiro-ministro já entraram com um recurso contra a proibição. O escândalo veio à tona em 2004, quando um juiz recebeu um CD com uma lista de políticos, entre eles Sarkozy, que supostamente tinham contas ilegais no banco Clearstream, em Luxemburgo. As contas conteriam subornos pagos aos políticos durante a venda de fragatas francesas a Taiwan em 1991. Uma investigação da lista, no entanto, comprovou que as acusações eram falsas e as autoridades passaram a buscar os responsáveis por sua criação. O nome de Villepin surgiu nas investigações quando o ex-executivo da EADS (uma das maiores multinacionais do setor de armamento) Jean-Louis Gergorin afirmou ter enviado a lista a pedido do ex-primeiro-ministro, que por sua vez teria recebido ordens de Chirac. O ex-presidente francês já afirmou que não testemunhará sobre o caso, uma vez que estava protegido pela imunidade presidencial. Segundo seus assessores, a Constituição protege Chirac de acusações sobre fatos que "aconteceram ou foram descobertos durante seu mandato e relacionados ao exercício de suas funções". Villepin não é o primeiro premiê francês a ser investigado pela Justiça. Em 2004, Alain Juppé, que ocupou o cargo entre 1995 e 1997, foi condenado num caso de corrupção e banido da vida política por um ano. O socialista Laurent Fabius, premiê de 1984 a 1986, foi absolvido em 1999 da acusação de homicídio culposo no caso envolvendo franceses infectados com o vírus HIV em transfusões de sangue.

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