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Violência e corrupção marcaram governo derrubado por militares

Por AP e TEGUCIGALPA
Atualização:

O presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, assumiu o governo em 2006 com a promessa de aumentar o salário mínimo, combater a criminalidade e reduzir a pobreza. Mas até domingo, quando foi deposto por um golpe militar, pouco disso havia sido feito. A violência em Honduras cresceu 25% entre 2007 e 2008. O país caribenho tornou-se um dos mais violentos da América Latina durante a administração de Zelaya. Nos três anos de governo do presidente deposto, diversos funcionários estatais foram afastados de seus cargos por envolvimento em casos de corrupção, acusados de cobrar propina em negócios públicos. Fazendeiro rico do leste de Honduras, Zelaya passou a militar no Partido Liberal em 1980, foi eleito três vezes para o Congresso e, apesar de administrar uma fortuna, construiu a imagem de homem do campo, conhecedor da realidade rural da maioria dos hondurenhos. FRUSTRAÇÃO O início de seu mandato foi marcado por acenos aos EUA, de onde Zelaya esperava novos investimentos. Frustrado com o apoio discreto de Washington, o presidente de origem liberal não teve pudores em voltar seu governo na direção do socialista Hugo Chávez, presidente da Venezuela, de quem recebeu US$ 300 milhões em ajuda só no ano passado, além de um acordo de fornecimento de combustível subsidiado. A guinada à esquerda foi marcada por um discurso cada vez mais confrontador. O presidente deposto passou a rivalizar com jornais, rádios e TVs hondurenhos que criticavam seu governo. Em 2007, ele obrigou as emissoras a transmitir seus discursos, veiculados quase diariamente. Zelaya "nunca teve raízes esquerdistas", disse Heather Berkman, especialista em América Central do centro da consultoria Eurasia Group, com sede em Nova York. "Seu próprio partido político, seu antigo vice-presidente; todos eles estavam contra as medidas que ele vinha tomando", disse Berkman. SATISFEITOS Embora muitas instituições e cidadãos hondurenhos façam oposição a Zelaya, grande parte da população pobre do país aprova o discurso do presidente deposto, conhecido como um crítico mordaz das elites locais. "Ele era realmente um bom presidente", disse o trabalhador rural hondurenho Jesús Almendares, de 30 anos. "Eles criticam muito Zelaya, mas ele melhorou demais a vida do povo."

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