Violência em dia sagrado para o Islã deixa pelo menos 32 mortos

Atentados a bomba e confrontos entre sunitas e xiitas no Paquistão e Afeganistão marcaram as celebrações da Ashura, o mais importante feriado muçulmano

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Por Agencia Estado
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Ao menos 27 pessoas morreram e outras dezenas ficaram feridas nesta quinta-feira após um atentado suicida seguido de protestos no norte do Paquistão. O ataque ocorreu na cidade de Hangu durante a celebração da Ashura, um importante feriado para os muçulmanos xiitas em que se celebra a morte do Imam Hussein, guia espiritual do Islã e neto do profeta Maomé. A polícia acredita que o atentado tenha sido cometido por sunitas. Após a explosão, a multidão xiita ateou fogo em estabelecimentos comerciais em protesto contra o ataque. Soldados isolaram a área para conter a violência. Segundo Associated Press, a polícia local contou 23 mortos em decorrência da explosão e dos tumultos subseqüentes. As outras quatro vítimas - três homens e uma mulher - teriam sido mortos em um tiroteio na periferia da cidade. De acordo com autoridades locais, mais de 50 pessoas ficaram feridas e cerca de 60% do comércio da cidade foi queimado durante os protestos. Já de acordo com Reuters, o número de mortos na região foi ainda maior. Segundo a agência de notícias, 35 pessoas teriam morrido após as explosões e em confrontos relacionados ao incidente. No vizinho Afeganistão, centenas de xiitas e sunitas se enfrentaram na cidade de Herat. A violência começou depois que sunitas atirarem pedras contra uma mesquita xiita. A retaliação veio em um ataque contra um campo de desabrigados sunita. Logo os dois lados jogavam granadas um contra o outro. Dez carros e duas mesquitas foram incendiados. Ao menos cinco pessoas morreram e mais de 50 ficaram feridas. Uma das testemunhas que presenciou o atentado a bomba no Paquistão disse que a explosão ocorreu quando uma procissão de cerca de 300 xiitas deixou a mesquita de Imam Barga. "Havia pânico por toda parte. Algumas pessoas correram para socorrer os feridos. Outros voltaram para suas casas para buscar armas de fogo, facas e querosene. Foi aí que as lojas começaram a ser queimadas", relatou a testemunha à Associated Press Ashura Os xiitas, que são minoria no Paquistão, comemoravam a Ashura no momento do ataque. O feriado simboliza o luto pela morte do Imam Hussain, o neto do Profeta Maomé assassinado no século 7º em confrontos na cidade de Kerbala (Iraque). O acontecimento alimentou a rivalidade entre muçulmanos xiitas e sunitas, acirrando a disputa sobre quem deveria suceder o profeta. Já são comuns os ataques sectários durante o rito anual, e mesmo antes dos atentados desta quinta-feira a segurança vinha sendo reforçada em todo o Paquistão. Há dois anos, um ataque suicida executado por sunitas contra uma procissão xiita deixou 44 mortos na cidade de Quetta. Milhares de pessoas, em sua maioria de orientação islâmica xiita, morreram na última década devido à violência religiosa no Paquistão entre as duas vertentes islâmicas. Os xiitas representam 20% dos 145 milhões de habitantes do Paquistão. No entanto, em alguns lugares como na cidade de Qüetta, no oeste, e na Caxemira, no norte, essa comunidade é muito numerosa.

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