Conflito em Israel e Gaza se espalha para a Cisjordânia e ao menos dez palestinos morrem

Situação já era tensa em Gaza, alvo de ataques israelenses e palco de ataques de militantes palestinos contra Israel, e em cidades de minoria árabe dentro de Israel, marcadas pela violência entre civis

PUBLICIDADE

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:
Manifestante palestino na Cisjordânia joga pedras contra policial israelense Foto: ABBAS MOMANI / AFP

JERUSALÉM - A crise em Israel e nos territórios palestinos ganhou novos contornos nesta sexta-feira, 14, com confrontos violentos entre a polícia e palestinos se espalhando por cidades da Cisjordânia. No total, dez palestinos morreram nos choques com a polícia. Enquanto isso, em Gaza, a situação continua tensa, com os disparos de foguetes do Hamas sendo respondidos com pesados bombardeios ao enclave. 

PUBLICIDADE

Os maiores protestos foram registrados nas cidades de Jenin, Hebron, Tulkaren e Nablus. Em Ramallah, sede do governo da Autoridade Palestina, também houve manifestação. Os palestinos atiraram coquetéis molotov, enquanto as forças de defesa de Israel usaram gás lacrimogêneo e balas de borracha – além de munição real, segundo testemunhas.

Desde segunda-feira, quando a violência foi deflagrada, 126 palestinos morreram em Gaza, incluindo 31 crianças, com 950 feridos, de acordo com autoridades de saúde do território. Em Israel, 8 pessoas morreram e 500 ficaram feridas pelos disparos de foguetes – só hoje foram mais de 140, segundo o Exército israelense.

Na quinta-feira, Israel havia mobilizado mais tropas na fronteira e convocado 9 mil reservistas, aumentando os indícios de um conflito em larga escala. Nesta sexta-feira, as forças israelenses disseram ter disparado contra túneis que costumam abrigar líderes do Hamas. O Exército garantiu que matou vários membros do grupo, mas que os corpos estariam soterrados e levaria algum tempo para recuperá-los. 

Autoridades militares de Israel alegam que a confusão disseminada na noite de quinta-feira, sobre uma eventual invasão por terra – depois desmentida pelo Exército – teria sido uma tática deliberada para provocar a fuga em massa de militantes do Hamas para os túneis. Em seguida, segundo o comando israelense, 160 jatos bombardearam o enclave por 40 minutos. Hoje, o Exército se desculpou por ter passado informações confusas à imprensa. 

O conflito, que começou em Jerusalém, na semana passada, e se espalhou primeiro para Gaza, antes de chegar à Cisjordânia, também atingiu as cidades de minoria árabe dentro de Israel. Um israelense ficou gravemente ferido hoje depois de ter sido atacado por palestinos em Lod, uma das mais afetadas pelos distúrbios. Em Jafa, um soldado israelense foi atacado por um grupo de árabes e está em estado grave. Segundo a polícia israelense, pelo menos 750 pessoas já foram presas em consequência da violência civil nos últimos dias. 

Mas, para Israel, os problemas vão além. Na quinta-feira, três foguetes foram lançados do sul Líbano – todos caíram no Mar Mediterrâneo sem causar vítimas, segundo militares israelenses. O governo libanês disse que os disparos foram feitos por grupos pequenos de palestinos, que não tiveram participação do Hezbollah – que já apoiou abertamente o Hamas no passado.

Publicidade

Confrontos entre manifestantes palestinos e forças de segurança de Israel perto da passagem de Hawara, na cidade de Nablus, no sul da Cisjordânia Foto: Jaafar Ashtiyeh/AFP

Hoje, Israel teve trabalho para conter um protesto na fronteira libanesa. Manifestantes, alguns carregando bandeiras palestinas, se reuniram na planície de Khiam, em frente a Metula, no extremo norte israelense, e ameaçaram cruzar a divisa. O Exército de Israel abriu fogo e matou um jovem de 21 anos, membro do Hezbollah.

Em outra frente, bem perto dali, o Exército israelense informou que três foguetes foram disparados da Síria. Um dos projéteis caiu em território sírio e dois outros em áreas desabitadas nas Colinas do Golan, no norte de Israel. / NYT, WP, REUTERS e AP

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.