Violência marca véspera da posse de Putin

Manifestação em Moscou contra o homem forte da Rússia, que inicia hoje seu terceiro mandato, é duramente reprimida; mais de 250 são presos

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Por MOSCOU
Atualização:

Protestos e cenas de violência nos arredores do Kremlin marcaram a véspera da posse do presidente eleito Vladimir Putin, que assume seu terceiro mandato hoje. Mais de 250 acabaram detidos - incluindo três líderes da oposição - em uma manifestação de 20 mil pessoas em Moscou. Em várias outras cidades russas também ocorreram protestos contra a volta de Putin ao poder.A polícia antidistúrbio da capital russa conteve a golpes de cassetete os manifestantes que tentavam avançar sobre uma das pontes que leva à Praça Vermelha. Manifestantes usavam barreiras policiais como escudo e atiravam objetos contra as forças de segurança.Uma linha policial foi montada do outro lado do rio, impedindo que os opositores chegassem até a sede do governo. Em seguida, os soldados dispersaram a multidão, prendendo vários manifestantes no caminho.Em outra região de Moscou, partidários de Putin também realizaram uma manifestação, embora menos numerosa que a dos opositores. A volta dos protestos é mais um sinal da crescente polarização na sociedade russa em relação ao terceiro mandato de Putin e às regras do jogo da política de Moscou.O ex-agente da KGB foi presidente por dois mandatos, entre 2000 e 2008. Barrado pela Constituição de tentar a segunda reeleição, fez o então pouco conhecido Dmitri Medvedev seu sucessor e passou a ocupar o cargo de primeiro-ministro. Quatro anos depois, em 2012, foi eleito novamente e poderá permanecer no Kremlin até 2020.O jogo ensaiado, porém, tem irritado setores cada vez maiores da sociedade russa. Nas eleições legislativas de dezembro, grandes protestos contra o "putinismo" surpreenderam analistas. As eleições presidenciais de março também foram marcadas por sinais de descontentamento - embora Putin tenha recebido mais de 60% dos votos.Entre os presos de ontem estão o líder da juventude de extrema esquerda, Sergei Udaltsov, além do ativista anticorrupção Alexei Navalny e do ex-vice-premiê da Rússia Boris Nemtsov. / REUTERS

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