Violência persiste no Timor, apesar da chegada de mais tropas

Gangues rivais entraram em choque nas ruas de Díli, enquanto novos incêndios eram deflagrados na capital timorense

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Por Agencia Estado
Atualização:

Gangues rivais integradas por jovens entraram em choque utilizando armas rústicas em Díli, enquanto novos incêndios eram deflagrados na capital timorense nesta quarta-feira. Os novos episódios de violência ocorrem no momento em que mais forças de paz estrangeiras chegam ao Timor Leste para colocar fim aos distúrbios que desestabilizaram o país nos últimos dias. Segundo o porta-voz de uma coalizão de mais de 30 grupos de ajuda humanitária, mais de 100 mil pessoas fugiram da capital, e os desabrigados já passam dos 70 mil. Campos de refugiados foram montados nos arredores de Díli. Depois de um dia sem violência na terça-feira, os confrontos voltaram a ocorrer nesta quarta em diversas partes da cidade. Bandos integrados por jovens atiravam pedras em gangues rivais e brigavam com armas rústicas em punho. Na avenida que leva ao aeroporto de Díli, soldados australianos passaram horas tentando evitar, sem sucesso, que as gangues rivais entrassem em choque. Algumas patrulhas passavam por locais de confrontos, incêndios e depredação sem interferir. A Austrália, que ofereceu a maior parte dos mais de 2 mil soldados estrangeiros enviados a Díli, sugeriu que talvez um contingente semi-permanente de forças estrangeiras possa ser necessário para que a situação volte ao normal no Timor Leste. Pelo menos oito pessoas ficaram feridas nesta quarta-feira. Desde a semana passada, quando começaram os distúrbios, 27 pessoas morreram. Histórico de violência Esta é a pior onda de violência no país desde a realização do plebiscito para a independência da Indonésia em 1999, que pavimentou o caminho para a independência total em 2002. Com a intervenção de tropas de paz da ONU, o país manteve-se relativamente seguro nos últimos anos. A atual onda de crimes foi alavancada pela demissão em março de 600 soldados do Exército. Confrontos esporádicos na semana passada entre ex-militares e tropas do governo se espiralaram para a violência aberta nas ruas de Díli. O líder rebelde Major Alfredo Reinado afirma que a crise não será resolvida até que o primeiro-ministro Mari Alkatiri entregue o poder. Os soldados acusam Alkatiri de praticar descriminação O Timor Leste continua sendo um dos países mais pobres do mundo, e é dependente de ajuda internacional. Os 15 principais doadores internacionais, que incluem os Estados Unidos, União Européia, Banco de Desenvolvimento Asiático e Fundo Monetário Internacional pediram nesta quarta-feira que as partes envolvidas no conflito encerrem a violência. O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, disse que espera que os timorenses ouçam os apelos do presidente Xanana Gusmão e entreguem suas armas. "É muito triste e trágico que tenhamos que reviver esta situação no Timor Leste", lamentou.

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