KIEV - Os protestos na Ucrânia que pedem a saída do presidente Viktor Yanukovich e a revogação de uma lei que proíbe manifestações de rua se espalharam nesta quinta-feira, 23, para o oeste do país. Em pelo menos duas cidades, nas quais o apoio a Yanukovich é baixo, manifestantes invadiram prédios oficiais. Em Lviv, o governador foi forçado a assinar uma carta de renúncia.
Na capital, Kiev, líderes da oposição concordaram com uma frágil interrupção nos choques com a polícia - depois de dias seguidos de aumento da violência -, e estabeleceram a data como prazo final para o presidente fazer concessões a suas demandas.
No começo da noite, depois de um encontro com Yanukovich, uma porta-voz da oposição disse que as chances de os protestos violentos terminarem eram grandes. Em postagem no Facebook, Olha Lappo deu sinais de progresso quanto a um possível acordo com o governo, apesar de não fornecer mais detalhes. Mais cedo, o presidente havia convocado reunião de emergência no Parlamento, agendada para a terça-feira. "A situação requer um encontro urgente", disse ao porta-voz da Casa.
Organizados principalmente no centro de Kiev, os protestos se espalharam para outras cidades ucranianas depois da morte de pelo menos dois manifestantes - opositores alegam que ações violentas da polícia teriam deixado pelo menos cinco mortos.
Na cidade de Lviv, a cerca de 450 quilômetros da capital, milhares de manifestantes ocuparam o escritório do governador Oleh Salo, aliado do presidente, aos gritos de "Revolução!" e cantando canções de Natal.
Depois de dominar Salo, manifestantes o forçaram a escrever uma carta renunciando ao cargo. Horas mais tarde, a assessoria de imprensa do governo informou que Salo alegaria a promotores públicos ter sido forçado a assinar o documento.
Em Rivne, a 330 quilômetros da capital, centenas de ativistas da oposição destruíram portas e janelas ao ocupar o prédio do governo.
De acordo com a BBC, há relatos de depredações de prédios públicos nas cidades de Zhytomyr, Vinnytsya, Khmelnytskiy e Ivano-Frankivsk.
Em Davos, durante o Fórum Econômico Mundial, o primeiro-ministro ucraniano, Mykola Azarov, classificou a atitude dos manifestantes como uma "tentativa de golpe". "Não é a oposição. São os rebeldes que estão agindo contra nós."
Segundo o ministério do Interior, 73 pessoas foram presas ontem, das quais 52 serão investigadas por "protestos em massa" - crime previsto na nova lei contra manifestações, cuja pena pode chegar até a 8 anos.
Os protestos contra Yanukovich começaram há cerca de dois meses, depois que o governo abriu mão de um acordo que estreitaria laços econômicos com a União Europeia em favor de novos empréstimos com a Rússia - avaliados em mais de US$ 15 bilhões. A aprovação, esta semana, da lei levou a confrontos violentos. / AP e REUTERS