
23 de novembro de 2010 | 15h29
TEERÃ - O chefe do programa nuclear do Irã, Ali Akbar Salehi, afirmou nesta terça-feira, 23, que o vírus que infectou os computadores das usinas nucleares iranianas não afetou o processo de enriquecimento de urânio do país. Salehi ainda acusou o Ocidente de estar por trás do caso, que classificou como "tentativa frustrada de sabotagem".
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Salehi disse que detalhes sobre o vírus só foram conhecidos "depois que os inimigos do Irã falharam em conseguir seus objetivos". Durante os últimos meses, as autoridades iranianas reconheceram que o Stuxnet infectou as centrais de enriquecimento do país, além dos computadores pessoais dos engenheiros que trabalhavam nas usinas.
"Há um ano e alguns meses, os ocidentais enviaram um vírus às nossas centrais nucleares. Eles esperavam paralisar nosso programa nuclear pacífico com isso, mas graças a Deus descobrimos a tentativa de sabotagem e impedimos que nosso progresso e nossos equipamentos fossem prejudicados", disse Salehi, segundo a agência oficial de notícias Irna.
Nesta terça, porém, a agência Reuters teve acesso a um relatório da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) afirmando que o Irã teve de interromper seu programa nuclear por problemas técnicos, sem, no entanto, dar detalhes sobre a paralisação.
As potências ocidentais acusam o Irã de esconder, sob seu programa nuclear civil, outro de natureza clandestina e aplicações bélicas, cujo objetivo seria a aquisição de armas atômicas. Teerã nega tais alegações.
As tensões sobre o programa nuclear iraniano se acirraram no final do ano passado após o Irã rejeitar uma proposta de troca de urânio feita por EUA, Rússia e Reino Unido. Meses depois, o país começou a enriquecer urânio a 20%.
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Um acordo mediado por Brasil e Turquia para troca de urânio chegou a ser assinado com o Irã em maio. O acordo, porém, foi rejeitado pelo Grupo de Viena - composto por Rússia, França, EUA e AIEA - e o Conselho de Segurança da ONU optou por impor uma quarta rodada de sanções ao país.
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