Visita a palácio presidencial irrita governo iraquiano

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Por Agencia Estado
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A equipe de inspetores da ONU irritou hoje o governo iraquiano por sua decisão de vistoriar um dos palácios do presidente Saddam Hussein, o Al-Jamhoury - conhecido como o Velho Palácio -, no qual ficam os escritórios dele e da Guarda Republicana. Não se sabe se Saddam estava no local, situado às margens do Rio Tigre e normalmente utilizado na recepção de embaixadores e visitantes estrangeiros. Saddam possui dezenas de palácios espalhados pelo país, muitos dos quais não são usados para atividades públicas. Um porta-voz governamental definiu a operação como "um ato de provocação manifesta, que tem a finalidade de atormentar o Iraque e aproximar-se de lugares importantes, vinculados à segurança nacional", disse. "Eles não têm nenhuma conexão, próxima ou longínqua, com o processo de desarmamento ou os programas de armamento precedentes." O chefe do grupo da ONU, Dimitri Perricos, explicou que o local chamou a atenção por ter muros altos e uma dupla cerca, visível em imagens de satélite. Ele não especificou o que sua equipe procurava, mas confidenciou que nada foi removido dos cofres do Velho Palácio. Os EUA e a Grã-Bretanha, os mais firmes críticos do regime de Saddam, acusam-no de esconder armas químicas, biológicas e nucleares no enorme complexo de edificações presidenciais. No entanto, em quase dois meses de trabalho a Comissão de Controle, Verificação e Inspeções da ONU (Unmovic) só vistoriou dois palácios - no início de dezembro, esteve no Al-Sejud, também em Bagdá. A vistoria dos edifícios da presidência foi um dos pontos de tensão entre o Iraque e a antiga comissão da ONU, no período de 1991 a 1998, porque as resoluções do Conselho de Segurança então existentes não davam esse poder aos inspetores. Entretanto, a Resolução 1.441, aprovada em novembro, autoriza inspeções sem aviso prévio aos palácios. Para o diretor da Agência Internacional de energia Atômica (AIEA), Mohamed el-Baradei - que hoje visitou autoridades em Moscou - o Iraque terá de passar a oferecer uma ?cooperação ativa? aos inspetores. A AIEA, entidade vinculada à ONU, se encarrega das vistorias dos locais suspeitos de fabricar armas nucleares. Tanto a ONU, como EUA e Grã-Bretanha têm enfatizado que cabe ao governo iraquiano apresentar provas de que pôs fim a seu programa de armas de extermínio e destruiu o arsenal em seu poder.

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