Visita de Cristina ao Brasil rende críticas

Viagem em avião do governo argentino e sabatina de empresários sobre inflação causam constragimento

PUBLICIDADE

Por Ariel Palacios e BUENOS AIRES
Atualização:

A visita de quarta-feira da primeira-dama argentina, Cristina Kirchner, a Brasília foi considerada pela mídia portenha um evento constrangedor. A mulher do presidente Néstor Kirchner atraiu as críticas da oposição por ter usado a máquina do Estado - ela viajou num avião do governo argentino - em sua campanha para as eleições presidenciais do dias 28. Cristina também foi posta contra a parede por um grupo de 16 empresários brasileiros, que questionou o método de cálculo de inflação da Argentina. O governo Kirchner supostamente divulga índices maquiados de inflação, inferiores aos reais. ''''A dinastia governante não tem limites'''', acusou Ricardo López Murphy, ex-ministro da Economia e candidato presidencial da coalizão de centro-direita Proposta Republicana, referindo-se ao uso de fundos públicos para a campanha. ''''Essa é uma campanha que é paga pelos contribuintes argentinos.'''' Cristina - como se fosse uma integrante do gabinete presidencial - leva ministros nas viagens de campanha. O ex-secretário de Comércio Raúl Ochoa disse ao Estado que a proposta de ''''ciclo virtuoso'''' liderado por Brasil e Argentina, apresentada por Cristina ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ''''dependerá do aprofundamento da relação entre os dois países, que precisa avançar em várias questões.'''' Segundo Ochoa, em relação à inflação, um eventual governo de Cristina precisará dar um ''''tratamento sério ao tema e desativar essa bomba-relógio''''. Não faltaram ironias sobre a frase com a qual Cristina se despediu dos empresários: ''''Temos de assegurar a continuidade. Essa é uma mudança que não muda.'''' Em referência à folclórica vaidade da primeira-dama, os jornais portenhos detalharam a roupa que vestia em Brasília. Mas também ressaltaram como a candidata suava sob o ardente sol do Cerrado.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.