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Visita de ministros à Guiana é sinal de alerta para o chavismo

Autoridades brasileiras estiveram no Suriname na Guiana para encontros bilaterais; pano de fundo seria ameaça de invasão venezuelana à Guiana

Por Tania Monteiro e Brasília
Atualização:

BRASÍLIA - A visita de ministros brasileiros ao Suriname e a Guiana é uma tentativa de demarcar território e enviar um sinal de alerta ao chavismo: o Brasil está atento a toda e qualquer aventura da Venezuela na região. Na sexta-feira, dia 9, os ministros da Justiça, Torquato Jardim, da Defesa, Raul Jungmann, e do Gabinete de Segurança Institucional, Sérgio Etchegoyen, estiveram no Suriname e na Guiana. O objetivo oficial era verificar, de perto, a situação dos refugiados venezuelanos, e realizar reuniões bilaterais para discutir ações de cooperação para combate ao crime transnacional nas fronteiras.

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O pano de fundo da visita são as ameaças constantes da Venezuela de invasão à Essequibo, na Guiana. A região está em disputa há quase cem anos. A Venezuela exige aproximadamente 40% do território hoje controlado pela Guiana. A região tem consideráveis reservas de petróleo, campos de mineração e depósitos de ouro, diamantes, bauxita e outros minérios. Nem a mediação das Nações Unidas serviu para resolver a disputa territorial que a Venezuela mantém com a vizinha Guiana. Em janeiro o caso foi encaminhado para o Tribunal Internacional de Justiça.

Ministro da Defesa,Jungmann agora vai comandar o novo Ministério da Segurança Pública Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

As autoridades brasileiras estão acompanhando de perto a questão, e há preocupação de que, com o agravamento da crise na Venezuela, o chavismo possa invadir a Guiana para insuflar o nacionalismo, movimento similar ao promovido pela ditadura militar da Argentina, em 1982, ao invadir as Malvinas e desencadear uma guerra contra o Reino Unido.

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A presença de uma parte importante da cúpula do governo brasileiro na região pode ser entendida como um apoio do Brasil a Guiana. O presidente do país, David Arthur Granger, esteve em dezembro em Brasília, onde manteve diversas reuniões com o presidente Michel Temer e com setores da área de Defesa.

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Recentemente a Guiana descobriu petróleo em seu território, aumentando o interesse da Venezuela sobre o país. As relações entre os dois países, que ora está mais próxima, ora mais afastada, vive momento de aumento de tensão, com Maduro retirando apoio que já deu ao antigo aliado, chegando a chamá-lo de “ingrato”.

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Segundo fontes, o Brasil funcionaria como um ponto de equilíbrio na região e não aceitaria qualquer tipo de aventura. Não haveria hipótese de o Brasil agir de forma isolada. Qualquer ação precisaria passar por determinação e coordenação da Organização das Nações Unidas (ONU) ou Organização dos Estados Americanos (OEA).

O ministro da Defesa, Raul Jungmann, tem percorrido diversos países da região, para fazer acordos e reuniões para tratar do combate aos crimes transnacionais. A Venezuela, no entanto, não tem participado de nenhum tipo de intercâmbio, mesmo os agendados previamente, em nenhuma esfera. Há quase três meses o Brasil espera resposta a um convite feito ao ministro da Defesa venezuelano, general Vladimir Padrino, que nunca veio.