
16 de janeiro de 2012 | 03h01
Não foi apenas a China que respirou aliviada com a vitória do nacionalista Ma Ying-jeou na disputa presidencial de ontem em Taiwan. O governo dos Estados Unidos também saudou a reeleição de Ma e disse esperar a continuidade dos "esforços impressionantes" empreendidos por Taipé e Pequim para fortalecer o relacionamento bilateral.
"Esses vínculos e a estabilidade nas relações no estreito também beneficiaram as relações entre EUA e Taiwan", declarou a Casa Branca em nota sobre o resultado do pleito.
Reeleito com 52% dos votos, o líder do Kuomintang empreendeu nos últimos quatro anos uma política agressiva de aproximação com a China, que levou à retomada de voos diretos entre as duas regiões depois de seis décadas de interrupção, facilitou investimentos e abriu a ilha a turistas do continente.
Os dois lados assinaram ainda um acordo de livre comércio, que permitiu a redução de tarifas em uma série de produtos, em um universo que se ampliará em negociações subsequentes.
A posição conciliadora de Ma foi recebida do outro lado do estreito por uma política igualmente conciliadora do presidente Hu Jintao, que abandonou a atitude belicosa e ameaçadora adotada tradicionalmente pela China em relação a Taiwan _a ilha para a qual os nacionalistas fugiram sob o comando de Chiang Kai-shek depois de perderem a guerra civil para os comunistas em 1949.
Pequim sustenta que Taiwan faz parte de seu território e ameaça ir à guerra caso seus governantes declarem independência. Ma é favorável à manutenção do "status quo" e defende a política dos três "nãos": não à independência, não à reunificação, não ao uso da força.
A permanência da situação atual também é a preferida dos norte-americanos, que são os principais garantidores da segurança de Taiwan e são obrigados por lei a defender a ilha em caso de agressão externa.
A candidata derrotada, Tsai Ing-wen, do Partido Democrático Progressista (PDP) é favorável à independência de Taiwan e rejeita o chamado "Consenso de 1992", que dá a base para as negociações entre a ilha.
Costurado por Taipé e Pequim em 1992, o "consenso" diz que existe "só uma China", mas permite que cada lado interprete o conceito como quiser.
Para o Partido Comunista, a expressão se refere à República Popular da China fundada em 1949, enquanto para o Kuomintang, é a República da China criada em 1911 e "transferida" para a ilha depois da derrota dos nacionalistas em 1949.
Pequim não admite a revisão do princípio de "uma só China", que abriria as portas para a busca da independência por Taiwan. Na avaliação de Zhu Songling, especialista nas relações do estreito na Beijing Union University, a recusa do "Consenso de 1992" foi uma das principais razões para a derrota de Tsai.
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