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Vitória de candidato pró-Pequim em Taiwan alivia EUA

Washington saúda reeleição de Ma, no sábado, e diz esperar fortalecimento de laços entre a ilha e a China

Por CLÁUDIA TREVISAN e TAIWAN
Atualização:

Não foi apenas a China que respirou aliviada com a vitória do nacionalista Ma Ying-jeou na disputa presidencial de ontem em Taiwan. O governo dos Estados Unidos também saudou a reeleição de Ma e disse esperar a continuidade dos "esforços impressionantes" empreendidos por Taipé e Pequim para fortalecer o relacionamento bilateral."Esses vínculos e a estabilidade nas relações no estreito também beneficiaram as relações entre EUA e Taiwan", declarou a Casa Branca em nota sobre o resultado do pleito.Reeleito com 52% dos votos, o líder do Kuomintang empreendeu nos últimos quatro anos uma política agressiva de aproximação com a China, que levou à retomada de voos diretos entre as duas regiões depois de seis décadas de interrupção, facilitou investimentos e abriu a ilha a turistas do continente.Os dois lados assinaram ainda um acordo de livre comércio, que permitiu a redução de tarifas em uma série de produtos, em um universo que se ampliará em negociações subsequentes.A posição conciliadora de Ma foi recebida do outro lado do estreito por uma política igualmente conciliadora do presidente Hu Jintao, que abandonou a atitude belicosa e ameaçadora adotada tradicionalmente pela China em relação a Taiwan _a ilha para a qual os nacionalistas fugiram sob o comando de Chiang Kai-shek depois de perderem a guerra civil para os comunistas em 1949.Pequim sustenta que Taiwan faz parte de seu território e ameaça ir à guerra caso seus governantes declarem independência. Ma é favorável à manutenção do "status quo" e defende a política dos três "nãos": não à independência, não à reunificação, não ao uso da força.A permanência da situação atual também é a preferida dos norte-americanos, que são os principais garantidores da segurança de Taiwan e são obrigados por lei a defender a ilha em caso de agressão externa.A candidata derrotada, Tsai Ing-wen, do Partido Democrático Progressista (PDP) é favorável à independência de Taiwan e rejeita o chamado "Consenso de 1992", que dá a base para as negociações entre a ilha.Costurado por Taipé e Pequim em 1992, o "consenso" diz que existe "só uma China", mas permite que cada lado interprete o conceito como quiser.Para o Partido Comunista, a expressão se refere à República Popular da China fundada em 1949, enquanto para o Kuomintang, é a República da China criada em 1911 e "transferida" para a ilha depois da derrota dos nacionalistas em 1949.Pequim não admite a revisão do princípio de "uma só China", que abriria as portas para a busca da independência por Taiwan. Na avaliação de Zhu Songling, especialista nas relações do estreito na Beijing Union University, a recusa do "Consenso de 1992" foi uma das principais razões para a derrota de Tsai.

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