"Você não foi um ditador", diz juiz a Saddam

Após fazer o comentário, a juiz adiou o julgamento para segunda-feira, sem dar explicações

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

O juiz chefe do julgamento de Saddam por genocídio disse nesta quinta-feira que ele não acredita que o ex-líder iraquiano tenha sido um ditador. O juiz Abdullah al-Amiri fez seu comentário em conversa amistosa com Saddam durante procedimentos da corte, um dia após a promotoria dizer que o juiz deveria ser substituído pois estaria inclinado a favorecer os réus. Saddam e os outros acusados estão sendo julgados, acusados de ter cometido atrocidades contra os curdos no norte do Iraque no fim dos anos 80. Duas horas após o comentário sobre Saddam, al-Amiri abruptamente adiou a seesão até segunda-feira, alegando "razões técnicas", sem ouvir um ateerceira testemunha, como estava programado. Não foram dadas mais explicações. Mais cedo na quinta-feira, um fazendeiro curdo de 57 anos testemunhou que o presidente agressivamente o mandou calar a boca quando ele implorou pela libertação de nove parentes desaparecidos. "Eu me pergunto por que esse homem (a testemunha) queria se encontrar comigo se sou um ditador?", perguntou Saddam. O juiz interrompeu e disse: "você não foi um ditador. As pessoas o fizeram (parecer) um ditador. "Obrigado", respondeu Saddam, abaixando a cabeça em sinal de respeito. Muçulmano xiita com 25 anos de experiência, al-Amiri foi membro do partido Baath, de Saddam, e trabalhou como juiz em corte criminal durante o regime do ex-líder. Ele encabeça o quadro de cinco juízes que decidirão a pena de Saddam, muçulmano sunita. Na quarta-feira, o promotor-chefe Munqith al-Faroon demandou a al-Amiri que abandonasse o posto, acusando-o de favorecer o líder deposto e os outros acusados. A promotoria afirma que 180 mil curdos foram assassinados por Saddam. Se condenados, o ex-ditador e os outros acusados podem ser enforcados.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.