Vôos de rendição americanos teriam entrado no Reino Unido

Aviões supostamente utilizados para levar prisioneiros a campos de tortura estrangeiros passaram por espaço aéreo britânico ao menos 200 vezes

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Por Agencia Estado
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Dois aviões americanos, supostamente usados para a transferência de suspeitos de terrorismo para países que torturam prisioneiros, entraram no espaço aéreo britânico cerca de 200 vezes em 2001, segundo informe da agência britânica que controla o tráfego aéreo. O líder do partido Democrata Liberal, Menzies Campbell, questionou o secretário de Transportes, Alistair Darling, em dezembro se a Aeronave havia operado em espaço aéreo britânico desde 2001. O Serviço Nacional de Tráfego Aéreo afirmou que havia enviado uma carta a Campbell confirmando que depois de ter examinado os números nos registros três aeronaves estiveram no Reino Unido em cerca de 200 ocasiões. A porta-voz do serviço, falando com a condição de anonimato, não sabia dizer se os aviões haviam pousado na Inglaterra ou apenas passado pelo espaço aéreo, mas afirmou que eles receberam serviços de alguns controladores britânicos. "Não temos conhecimento do propósito de nenhum dos vôos e não sabemos se eles levavam pessoas ou carga" acrescentou. Organizações de direitos humanos acusaram os Estados Unidos de encobrir a movimentação de prisioneiros entre países, fora do processo legal, uma prática conhecida como "rendição extraordinária". Alguns prisioneiros alegaram ter sido transferidos para nações onde foram sujeitos a tortura e tratamentos cruéis. De acordo com esses grupos, os aviões, apelidados pelos críticos de "Air CIA" e "Expresso Guantánamo" são uma peça chave no que eles chama de programa "tortura por procuração" feito pelo governo americano. Vários parlamentos de países europeus estão investigando acusações de que a CIA usou seus aeroportos para os vôos de rendição. A secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, insistiu que os Estados Unidos obedecem a convenção das Nações Unidas de 1994 contra a tortura e disse que Washington não transportará ninguém para um país onde oficiais acreditam que o suspeito possa ser torturado. O Primeiro Ministro britânico, Tony Blair, disse que aceita as garantias da secretária americana e afirmou que recebeu somente três pedidos de rendição desde que está no poder, todos feitos em 1998 pelo então presidente Bill Clinton. Ele acrescentou que seria impossível investigar todas as aeronaves americanas que pousam na Grã-Bretanha.

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