12 de julho de 2016 | 12h30
BOGOTÁ - O negociador-chefe do governo da Colômbia nos diálogos com a guerrilha das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), Humberto de la Calle, disse em entrevista publicada na segunda-feira, 11, que se o povo votar por não referendar os acordos de paz, o processo terminaria sem resultados.
"Se o povo disser que não, o processo terminará e não haverá resultados", declarou De la Calle em uma entrevista publicada pelo jornal El Tiempo, referindo-se aos hipotéticos resultados do plebiscito proposto para que os cidadãos aprovem ou rejeitem o acordo de paz que será assinado pelas partes. "Se o 'não' ganhar, teremos perdido, entre aspas, 'quatro anos da nossa vida'", avaliou.
O represetante do governo recordou que o presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, disse que em caso de os acordos serem rechaçados nas urnas, "o processo terá terminado" - as negociações começaram em 2012 em Cuba para pôr fim a mais de meio século de conflito armado.
No dia 23 de junho, o governo e as Farc selaram as condições para a entrega das armas pelos rebeldes e o cessar-fogo bilateral, que entrará em vigor uma vez assinado o acordo definitivo de paz. Além disso, estabeleceram que o pacto final que assinarem deverá ser referendado pelos colombianos mediante o mecanismo de decisão da Corte Constitucional, que atualmente estuda um projeto de lei para a realização de um plebiscito sobre o acordo de paz.
"O que me parece ser fundamental é que as pessoas poderão votar e tomar a sua decisão", acrescentou. De la Calle qualificou como "situação extremamente preocupante" a declaração formulada na semana passada por uma Frente da guerrilha que se opõe aos acordos de Havana, mas destacou que a "impressão" durante as negociações é que "a direção das Farc tem comando e controle" sobre sua tropa.
"Não seria a primeira vez que em um acordo haja algum tipo de facção rebelde. Isso não é tão diferente como parece, o que não justifica torná-lo algo secundário. É extremamente sério, grave", apontou.
A Colômbia vive um conflito armado envolvendo guerrilhas, paramilitares e agentes do Estado que já deixou 260.000 mortos, 45.000 desaparecidos e 6,9 milhões de deslocados. / AFP
Encontrou algum erro? Entre em contato
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.