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Wall Street condena volta de Chavez ao poder

Por Agencia Estado
Atualização:

É grande a reação negativa entre analistas e economistas de Wall Street com a volta do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, ao poder. "Os últimos acontecimentos políticos na Venezuela aumentaram as incertezas a um nível que o mercado não gosta. Além disso, mesmo com a possibilidade de uma postura mais conciliatória de Chávez no curto prazo, os problemas econômicos do país não estão eliminados", afirmou o economista para América Latina do banco Dresdner Kleinwort Wasserstein (DKW), Nuno Câmara. Na realidade, ele acredita que a situação piorou em vários aspectos. Um deles é que a oposição à Chávez ficou desacreditada pelas ações desconcertadas do ex-presidente interino Pedro Carmona. "Reorganizar uma oposição unificada para tirar Chavez novamente do poder será muito mais difícil daqui por diante", disse Câmara. O analista ressaltou que os dramáticos acontecimentos do final de semana, que culminaram com a volta de Chávez, acabaram com algumas ilusões do mercado. "A idéia de que os militares eram de certa forma unidos, provocada pela maneira como Chávez foi inicialmente retirado do poder, não se comprovou com os fatos do final de semana", afirmou. O analista ressaltou que também foi desfeita a suposição de que as diferenças entre a classe empresarial e os sindicatos de trabalhadores poderiam ser temporariamente esquecidas em prol de um objetivo maior. E, por fim, as medidas de Carmona de dissolver a Assembléia Nacional e fechar a Corte Suprema acabaram com a noção também de que Hugo Chavez não é a única pessoa com o talento de passar por cima de direitos democráticos na Venezuela. "Tudo isso reforça a visão de que a Venezuela é uma sociedade altamente polarizada e que tem enorme dificuldade de aprender com seus erros do passado", comentou Câmara. Presidente pode dar o troco Já na opinião do diretor de pesquisa da BCP Securities, Walter Molano, apesar do tom conciliatório do seu discurso no domingo, o presidente Hugo Chávez, deverá dar o troco àqueles que tramaram para a sua saída do poder, tais como o governo dos Estados Unidos, que tacitamente apoiou o golpe militar. "Há uma grande chance de a Venezuela se alinhar totalmente com Cuba e aprofundar sua solidariedade com os países árabes da OPEP. Aliás, há mais chances agora de a Venezuela cooperar com um possível embargo de petróleo do Iraque, Líbia e Irã", afirmou Molano. Ele também não descarta a possibilidade de a Venezuela declarar uma moratória da sua dívida externa, assim como fez nos anos 80 quando o México foi forçado a declarar um default. Para Molano, a contra-revolução na Venezuela durante o último final de semana foi um duro golpe para os mercados emergentes, para América Latina e para os Estados Unidos. Na opinião do analista para Venezuela do banco Credit Suisse First Boston (CSFB), Paulo Grahl, o desenrolar dos acontecimentos em quatro frentes será fundamental para avaliar as pespectivas de curto prazo para a estabilidade do país e também para os preços dos ativos venezuelanos. Primeiro, é preciso ver até que ponto o presidente Chávez irá observar os princípios democráticos e as regras das leis. Segundo, é preciso monitorar a intensidade das demonstrações públicas. Terceiro, é preciso avaliar a vontade de os desafetos e os antigos amigos de Chávez de apoiá-lo. E, por último, é preciso acompanhar o ritmo da fuga de capital. De acordo com Grahl, a volta à normalidade das operações da estatal petroleira PDVSA é um fator positivo. "No entanto, a política fiscal poderá se tornar mais populista na medida que Chávez tentará beneficiar a quem o apoiou. A fuga de capital poderá aumentar, levando a uma liquidez mais apertada e a uma maior dificuldade por parte do governo de emitir dívida. Chávez poderá considerar adotar controle de câmbio", afirmou Grahl. Leia tudo sobre a crise na Venezuela

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