Washington contradiz seu retrato de uma Al-Qaeda enfraquecida

PUBLICIDADE

Por ANÁLISE: Hannah Allam , Lesley Clark , MCT , SÃO JORNALISTAS , ANÁLISE: Hannah Allam , Lesley Clark , MCT e SÃO JORNALISTAS
Atualização:

A resposta do governo Barack Obama ao suposto complô da Al-Qaeda sugere uma organização terrorista capaz de atacar em qualquer lugar - e não o grupo que os EUA têm descrito como um movimento quase derrotado. Especialistas em contraterrorismo disseram que a resposta de Washington à ameaça originada no Iêmen, filial mais ativa da Al-Qaeda, contraria o discurso de Obama em maio, quando o presidente disse que "nenhum grupo de valentões que se autodenomina Al-Qaeda representará uma ameaça crível aos EUA". Essa foi apenas uma de várias declarações de Obama e membros de seu governo que subestimaram a capacidade de grupos ligados à rede terrorista. Ao menos durante os dois últimos anos, Washington procurou tranquilizar os americanos afirmando que a Al-Qaeda estava "em fuga", enquanto especialistas advertiam sobre as filiais semiautônomas que têm causado destruição no Norte da África, no Iêmen, no Iraque e na Síria. "As medidas que o governo está tomando agora são profundamente contraditórias com o retrato da força da Al-Qaeda que o governo vem pintando", disse Daveed Gartenstein-Ross, da Foundation for Defense of Democracies. Washington tem tratado com sigilo as informações que levaram às recomendações sobre restrições a viagens e ao fechamento de embaixadas, mas uma autoridade iemenita disse, no domingo, que haviam sido interceptadas "ordens claras" do líder da Al-Qaeda, Ayman al-Zawahiri, a Nasir al-Wuhayshi, chefe da filial no Iêmen, para realizar um ataque. Na campanha presidencial no ano passado, Obama se vangloriou da morte de Osama bin Laden, como um sinal de que, embora os EUA devessem se manter vigilantes, "a verdade é que a Al-Qaeda é está muito mais fraca" do que quando assumiu. Em fevereiro, o presidente chamou a Al-Qaeda de "uma sombra do que era" e disse que a ameaça colocada por suas filiais não requereria uma mobilização militar americana em larga escala. Críticos dessas visões otimistas dizem que o governo Obama estava buscando um enfoque positivo sobre guerras sangrentas que muitos consideravam inconclusas. "Isso chama-se política. Sabiam que não é verdade," disse Aaron Zelin, que pesquisa organizações militantes para o Washington Institute for Near East Policy. / TRADUÇÃO DE CELSO PACIORNIK

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.