Washington prepara-se para ataque devastador

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Por Agencia Estado
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A organização de uma estrutura governamental paralela integrada por funcionários de nível médio que opera desde setembro passado em um lugar secreto na costa leste dos Estados Unidos, não é a única precaução que o governo do presidente norte-americano, George W. Bush, tomou para se precaver contra a possibilidade de um ataque terrorista devastador à capital do país. O temor de que a organização Al-Qaeda tenha tido acesso a armas nucleares ou radiológicas levou o governo a ordenar a instalação de centenas de sensores avançados nas duas fronteiras no país, em instalações norte-americanas no exterior e em pontos estratégicos ao redor de Washington. O trabalho começou em novembro. Paralelamente, o governo colocou a Força Delta, que é a principal unidade de comando de elite dos Estados Unidos, em estado mais avançado de alerta. Segundo o jornal The Washington Post, que revelou a informação hoje, os novos dispositivos são detectores de raios gama e de fluxo de nêutrons. Até agora, eles eram usados apenas pelas equipes móveis de busca nuclear de emergência, acionadas quando alguém alega estar de posse de material radioativo. A administração Bush encomendou ao Pentágono um programa de emergência para o desenvolvimento de uma nova geração de sensores nos três laboratórios nacionais nucleares. Pode soar como paranóia, ou como uma estratégia deliberada para manter os norte-americanos psicologicamente mobilizados para a guerra contra o terrorismo. Mas altos funcionários do governo disseram ao Post que as providências baseiam-se em informações sólidas sobre o interesse da Al-Qaeda na aquisição de armas de destruição em massa. Essas informações foram obtidas depois dos ataques por forças norte-americanas a bases de operação da Al-Qaeda no Afeganistão. Para preparar a administração para as difíceis opções que poderá vir a enfrentar, o governo já realizou algumas simulações envolvendo membros do gabinete e do Conselho de Segurança Nacional. Num dos exercícios, imaginou-se que os sensores detectariam a presença de um dispositivo nuclear à bordo de um barco no rio Potomac, a caminho de Washington, ou na rodovia federal 95, que é o mais importante acesso por terra à capital. A ameaça do terrorismo nuclear passou a ser levada a sério por Bush depois de uma reunião que ele teve em outubro, na sala de comando de operações de guerra, no subsolo da Casa Branca, com o diretor da Agência Central de Inteligência (CIA), George Tenet. Segundo o Post, o chefe da agência de espionagem explicou a Bush as informações obtidas sobre "a ambição nuclear da Al-Qaeda" e as ligações entre a organização e cientistas do programa nuclear do Paquistão, cujo governo era próximo do regime do Taleban, no Afeganistão, até o 11 de setembro. Em outubro, o governo paquistanês prendeu e interrogou dois ex-cientistas do programa nuclear do país - Sultan Bashiruddin Mahmood e Abdul Majid.

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