Washington teme que revelação seja golpe de propaganda

Funcionários dizem que usina não abre nova crise nem representa fracasso da política para a Coreia do Norte

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WASHINGTONA revelação do moderno parque nuclear da Coreia do Norte não abre uma nova crise nem reflete o fracasso da política dos Estados Unidos para a região e pode ser apenas um "truque publicitário". Essas versões foram expressas por funcionários de alto escalão da diplomacia americana e indicam o grau de prudência com que Washington pretende lidar com a questão.Hoje, o representante especial da Casa Branca para a Coreia do Norte, embaixador Stephen Bosworth, deverá pedir à China que ajude a conter o avanço de Pyongyang na área nuclear.Desde o relato do cientista Siegfried Hecker sobre sua visita a uma nova usina nuclear norte-coreana , no fim de semana, Stephen Bosworth foi enviado para Seul, Tóquio e Pequim para tratar da questão com os respectivos governos. Ontem, na capital sul-coreana, ele insistiu que não há uma crise. "Eu não aceitaria (a avaliação de que) nossa política para a Coreia do Norte é um fracasso", afirmou Bosworth, que desembarca hoje na China.No Departamento de Estado, a versão foi similar. O porta-voz Philip Crowley disse que este é um tópico a mais na longa lista de preocupações de Washington com relação a Pyongyang. Mas insistiu que não se trata de "uma crise". Para ele, a revelação dessa usina pode ser um "truque publicitário". A dúvida das autoridades americanas deverá ser resolvida com base em uma criteriosa avaliação, que incluirá o relatório de Hecker. Se a existência dessa nova usina de enriquecimento de urânio for confirmada, a Coreia do Norte terá violado o compromisso de interromper seu programa nuclear, disse.A cautela observada na área diplomática contrastou com as avaliações militares, que apontam o risco de a Coreia do Norte aumentar seu estoque de armas nucleares. Na Bolívia, o secretário de Defesa, Robert Gates, lembrou que Pyongyang também está ampliando sua capacidade de desenvolver mísseis de longa distância. A Coreia do Norte já realizou dois testes de bombas de plutônio. Para Gates, a nova usina não tem objetivos civis. O chefe das Formas Armadas americanas, almirante Michael Mullen, disse que a Coreia do Norte é "um país muito perigoso" governado por "um líder imprevisível", que deseja desestabilizar a região. Para ele, a credibilidade de Pyongyang foi totalmente destruída. Segundo Mullen, parte da responsabilidade pela situação é da China, suspeita de ter facilitado o acesso da Pyongyang a modernas tecnologias nucleares. / D.C.M.

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