LOS ANGELES - O produtor de cinema Harvey Weinstein, acusado de inúmeros assédios sexuais em Hollywood, gastou centenas de milhares de dólares para sufocar rumores de abuso sexual. Ele teria contratado ex-agentes de inteligência para sondar as vítimas, segundo informações divugladas na segunda-feira, 6, pela revista The New Yorker.
Em um dos casos, uma ex-agente israelense procurou uma das vítimas e principais acusadoras, a atriz Rose McGowan, e se passou por uma militante dos direitos da mulher. A ex-agente, funcionária da empresa de segurança privada Bkack Clube, aproximou-se de Rose e gravou horas de conversas com a atriz.
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Segundo as investigações feitas pela revista The New Yoker, em linha com o jornal The New York Times, Rose estava prestes a publicar um livro de memórias, cujo conteúdo preocupava Weinstein.
A 'força-tarefa' teria começado no outono de 2016. A reportagem cita dezenas de documentos e pelo menos 7 pessoas envolvidas diretamente no abafamento dos rumores. Duas empresas comandavam as operações: Black Cube, coordenada por agentes isrelenses, e a americana Kroll.
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A agente que esteve em contato com Rose também se aproximou de jornalistas que se aprofundaram no caso. A intenção era saber que tipo de informação era conhecida pela imprensa. Também, investigar a vida dos jornalistas a fim de ter informações que poderiam desacreditá-los e constrangê-los caso publicassem matérias sobre os assédios de Weinstein.
O produtor, investigado pela polícia de Londres, Nova York e Los Angeles, "monitorava pessoalmente todo o processo, e usava ex-funcionários do estúdio para conseguir nomes e fazer chamadas".
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Em alguns casos, os próprios advogados conduziram as investigações. Foi o caso de David Boies, reconhecido por representar Al Gore na disputa presidencial em 2000, e também seus argumentos a favor do casamento entre pessoas do mesmo sexo na Suprema Corta dos EUA.
Nem a portavoz de Weinstein, Sallie Hofmeister, tampouco Boies se pronunciaram ao ser procurados pela agência de noitícias AFP. À New Yorker, Hofmeister disse ser "ficção que alguém passe ileso" a intimidações./ AFP