WikiLeaks abala diplomacia dos EUA

Vazamento de 250 mil documentos secretos revela de pressões para atacar o Irã a instruções para diplomatas espionarem autoridades

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WASHINGTONOs bastidores da diplomacia dos EUA e de seus aliados foram expostos ontem de maneira inédita após a organização WikiLeaks divulgar 251.287 documentos secretos - entre despachos de embaixadas e consulados, transcrições de conversas entre autoridades, ordens internas e outros registros. Os documentos mostram detalhes de como países árabes e Israel pressionaram os EUA a atacar o Irã, os laços entre Pyongyang e Teerã para desenvolver mísseis e até mesmo ordens para que diplomatas americanos atuassem como espiões em embaixadas no mundo e na sede da ONU. O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, estaria entre os espionados.  

 

 

O governo americano condenou imediatamente o histórico vazamento (mais informações nesta página). Os documentos do WikiLeaks foram simultaneamente revelados pelos jornais The New York Times (EUA), The Guardian (Grã-Bretanha), El País (Espanha), Le Monde (França) e pela revista Der Spiegel (Alemanha). Eles cobrem um período que vai dos anos 60 até fevereiro.

Entre as informações mais polêmicas estão o pedido do rei Abdullah, da Arábia Saudita, para que Washington bombardeasse o Irã "cortando a cabeça da cobra". Vários outros líderes do Golfo Pérsico também exortaram Washington a atacar Teerã.

Uma diretiva de 2008 do Departamento de Estado dos EUA orienta diplomatas americanos a espionar autoridades estrangeiras, revelando número de cartões de crédito e de milhagens, além de detalhes da vida privada de líderes mundiais.

Ucraniana. Há ainda informações sobre como os EUA tentaram retirar combustível nuclear do Paquistão, barganhas com países para que aceitassem presos de Guantánamo, além da invasão chinesa do sistema do Google, dando a Pequim acesso a computadores do governo americano. Sobre a América do Sul, há um relatório que investiga agentes da espionagem iraniana atuando no Paraguai.

Os documentos trazem também histórias curiosas como a "excelente" relação entre os premiês italiano, Silvio Berlusconi, e russo, Vladimir Putin. Os dois trocariam com frequência tanto presentes quanto contratos de empresas. Sobre Muamar Kadafi, o líder líbio, afirma-se que ele viaja sempre acompanhado de "uma voluptuosa enfermeira loira da Ucrânia".

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Documentos antigos dão nova perspectiva a eventos históricos. Num deles, de 1979, o diplomata americano Bruce Laingen, que servia em Teerã, desdenha do "enorme egoísmo que povoa a psique persa" ao observar a revolução. Pouco depois ele foi mantido refém na embaixada dos EUA. / NYT e THE GUARDIAN

 

 

 

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