Woodward: primeira-dama pediu demissão de Rumsfeld

Segundo novo livro do jornalista que abriu o caminho para a queda de Nixon, reivindicação de ex-chefe-de-gabinete da Casa Branca teve apoio de Laura Bush

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Por Agencia Estado
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O ex-chefe-de-gabinete da Casa Branca, Andrew Card, tentou por duas vezes convencer o presidente americano, George W. Bush, a despedir seu secretário de Defesa, Donald Rumsfeld. Em sua segunda tentativa, Card teve o apoio da primeira-dama, Laura Bush. As revelações estão no terceiro livro sobre as políticas de Bush para a guerra do Iraque escrito pelo editor-assistente do Washington Posto Bob Woodward. O autor é um dos jornalistas que revelou o caso Watergate, escândalo que levou à renúncia do ex-presidente americano Richard Nixon. Confrontado com a informação na sexta-feira, Card não negou que tenha conversado com o presidente sobre uma eventual saída de Rumsfeld, mas argumentou que era seu trabalho discutir esse tipo de assunto com o presidente. Card negou, no entanto, ter conversado com Laura Bush. O novo livro de Woodward, State of Denial (Estado de Negação, em tradução livre) estará nas livrarias americanas na próxima semana, mas trechos do texto vieram à público nos últimos dias. A reação da Casa Branca foi imediata - e carregada de sarcasmo. O porta-voz do governo, Tony Snow, diminuiu o impacto do livro classificando-o como "algodão doce". "É como se ele derretesse ao menor contato." A estratégia da administração Bush é relacionar o livro a uma tentativa democrata em ganhar pontos para as eleições legislativas de novembro. "Já lemos esse livro antes. Ele tende a repetir o que já vimos em uma série de outras publicações lançadas este ano em que os autores ventilam velhas disputas sobre o número de soldados", disse Snow na sexta-feira. Tentativas frustradas De acordo com o relato de Woodward, as tentativas de Card em convencer Bush a despedir Rumsfeld aconteceram em novembro de 2004, logo após a reeleição do presidente, e cerca de um ano depois. Em entrevista à Associated Press, no entanto, Card rejeitou qualquer sugestão de que teria liderado uma campanha para derrubar Rumsfeld. Ainda assim, ele admitiu ter discutido com o presidente o papel de Rumsfeld durante o segundo mandato do presidente. Após a reeleição, ele e o presidente discutiram "sobre todos os postos do gabinete", disse Card. Ele acrescentou ter mantido um caderno com a lista de todos os principais cargos e possíveis trocas. "É função do chefe-de-gabinete apresentar ao presidente uma gama de opções diferentes." Quando perguntado se a primeira-dama possuía um opinião particular sobre Rumsfeld, Card respondeu: "Eu e a Sra. Bush nunca discutimos isso." Sobre a guerra do Iraque, Woodward escreve que funcionários da Casa Branca e do Pentágono expressaram preocupação sobre a condução do conflito em vários relatórios e memorandos internos, e que um relatório secreto de inteligência circulou em maio prevendo a permanência da violência em 2006 e 2007. Apesar da vasta gama de informações sobre o acirramento da insurgência, Woodward afirma que Bush, Rumsfeld e outros membros da administração continuaram a insistir publicamente que a situação no Iraque estava melhorando.

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