Xeque se desculpa por comentário sobre mulheres sem véu

"O problema é a carne descoberta. Se a mulher tivesse ficado em seu quarto, em sua casa, com seu ´hijab´, o problema não teria ocorrido", explica Hilaly

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Por Agencia Estado
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O xeque Taj al-Din al-Hilaly, considerado guia espiritual da comunidade muçulmana na Austrália, pediu desculpas nesta quinta-feira por seu comentário sobre as mulheres que saem sem o "hijab" (véu islâmico), que causou grande polêmica entre os Australianos. "Peço perdão sem reservas a qualquer mulher que tenha se sentido ofendida pelas minhas palavras. Pretendia apenas proteger a honra da mulher", disse Hilaly, segundo a agência de notícias AAP. O líder islâmico atribuiu a polêmica ao fato de que a versão traduzida de seu sermão é incompleta. "Se você deixa carne descoberta na rua, no jardim, no parque ou no pátio, e vêm os gatos e a comem, de quem é a culpa, dos gatos ou da carne descoberta?", perguntou o xeque, segundo a tradução do jornal The Australian. "O problema é a carne descoberta. Se a mulher tivesse ficado em seu quarto, em sua casa, com seu ´hijab´, o problema não teria ocorrido", acrescentou Hilaly. O sermão, chamado "Porque os homens foram mencionados antes que as mulheres pelo delito do roubo e as mulheres antes que os homens pelo pecado da fornicação", foi escrito em árabe e pronunciado há um mês por causa do início do Ramadã, diante de 500 fiéis em Sydney. Hilaly disse que falava das doutrinas religiosas sobre a modéstia e criticava a violação: "Eu condeno a violação e reitero que é um pecado capital". Entre as muitas reações surgidas, o ministro da Fazenda australiano, Peter Costello, disse que estas declarações "convidam as pessoas a tratar as mulheres de forma degradante e Desumanizadora". Costello afirmou que os líderes das igrejas Católica e Anglicana da Austrália nunca teriam feito comentários desse tipo, e incentivou os muçulmanos a condenar as declarações. Na Austrália, vivem quase 300 mil muçulmanos, que formam 1,5% da população total do país, segundo o censo de 2001.

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