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Zarqawi: a trajetória de um terrorista

Ex-dono de locadora em uma cidade jordaniana, Abu Musab al-Zarqawi deixou os subúrbios de Amã para se tornar um dos terroristas mais procurados do planeta

Por Agencia Estado
Atualização:

Nascido em outubro de 1966 na periferia poeirenta da cidade de Zarqa, a 30 quilômetros de Amã, capital da Jordânia, Ahmed Fadil Nazzal al-Khalayleh deixou a locadora de vídeo que administrava para juntar-se à resistência muçulmana contra as tropas russas no Afeganistão, no final dos anos 80. Para isso, incorporou sua cidade natal ao nome, tornando-se Abu Musab al-Zarqawi. Nascia um dos terrorista mais procurados do mundo depois do líder supremo da Al-Qaeda, Osama bin Laden. Morto nesta quarta-feira no Iraque após uma operação conjunta entre forças iraquianas e americanas, Zarqawi foi condenado à morte quatro vezes em seu país natal, sempre a revelia. Os Estados Unidos ofereciam US$ 25 milhões pela sua captura, mesma recompensa anunciada pela cabeça de Bin Laden. Quatro anos depois de lutar no Afeganistão pelo fim da invasão soviética, Zarqawi retornou a Zarqa, onde fundou uma célula terrorista que pretendia derrubar o governo jordaniano. Foi detido em 1992, e passou sete anos preso. Ganhou a liberdade após um indulto concedido pelo rei Abdullah II a 500 prisioneiros. No Afeganistão Solto, Zarqawi fugiu para a região fronteiriça entre o Afeganistão e o Irã, onde contou com o apoio do regime Taleban para criar um centro de treinamento de terroristas. Supostamente um especialista em substâncias tóxicas, Zarqawi teria sido o responsável pela formação de uma geração de especialistas em gases tóxicos. Acredita-se que foi neste período que o líder terrorista estreitou seus laços com a Al-Qaeda. Mas, com os ataques de 11 de Setembro e a subseqüente ofensiva militar americana contra o Afeganistão, a base do líder terrorista foi bombardeada. Gravemente ferido, Zarqawi viu-se obrigado a fugir do país. Segundo os militares americanos, ele teria contado com o apoio da Al-Qaeda para estabelecer-se na pequena vila de Sargat, localizada na região dominada pela minoria curda no norte do Iraque. Inicialmente, coligou-se com um grupo terrorista curdo chamado Ansar al-Islam. Argumento para a guerra A presença de Zarqawi no Iraque e suas ligações com a Al-Qaeda levaram a inteligência americana a concluir que havia um vínculo profundo entre a Al-Qaeda e o regime de Saddam Hussein - uma suspeita que nunca foi suficientemente comprovada, mas que serviu como um dos argumentos dos EUA para invadir o Iraque. Com o início da Guerra do Iraque, ele se transformou no cérebro dos atentados mais sangrentos da resistência iraquiana, ao se tornar o principal líder da Al-Qaeda no país. O ataque mais mortal aconteceu em fevereiro de 2005, na cidade de Hilla, com um saldo de 106 mortos. Em junho de 2004, os EUA aumentaram de US$ 10 milhões para US$ 25 milhões a recompensa por sua captura. Em 24 de outubro 2004, Zarqawi mudou o nome de seu grupo de Tawhid wal Jihad (Monoteísmo e Guerra Santa) para Tanzim al Qaeda wal Jihad fi Balad al-Rafidain (Organização da Al Qaeda e Guerra Santa na Mesopotâmia). Dois meses depois, em 27 de dezembro, o próprio Bin Laden afirmou em uma fita de áudio que Zarqawi era o "emir" da Al-Qaeda no Iraque, a quem "os irmãos" deviam obedecer. Também é atribuído à Zarqawi a realização de atentados contra iraquianos xiitas com o objetivo de incitar uma guerra civil entre sunitas e xiitas no país. Em uma carta interceptada pelos militares americanos, o líder terrorista alega que um conflito sectário tornaria o Iraque ainda mais perigoso para as tropas de ocupação americanas. "Uma guerra civil unificaria os árabes sunitas, e (esta) é a única maneira de prolongar o combate entre nós e os infiéis", diz a mensagem.

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