09 de julho de 2009 | 20h51
O presidente deposto de Honduras Manuel Zelaya e o líder interino Roberto Micheletti iniciaram nesta quinta-feira, na Costa Rica, um diálogo mediado para tentar por fim à crise política em Honduras.
Os dois rivais se encontraram separadamente com o presidente da Costa Rica, Oscar Arias - que está mediando as negociações -, mas não se encontraram cara a cara.
Ao deixar a casa de Arias, Zelaya disse que, como presidente eleito democraticamente, ele deveria voltar ao poder em Honduras.
Micheletti, no entanto, insiste que Zelaya deve renunciar à presidência e afirmou que não foi à Costa Rica para negociar, mas sim para conversar.
Mais cedo, Zelaya descreveu Micheletti como um "criminoso".
Desafio
Antes dos encontros, o presidente costarriquenho disse que, uma vez que os dois lados iniciassem o diálogo, "suas posições começariam a amolecer".
Mas Arias, que recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 1987 por ajudar a por fim às guerras civis da América Central, disse reconhecer o tamanho de seu desafio na tentativa de por fim à crise política de Honduras.
"Poderia haver uma solução em dois dias, ou poderiam se passar dois meses e não chegarmos a uma solução", disse ele.
As conversações devem continuar na sexta-feira, mas ainda não está claro se Zelaya e Micheletti vão se encontrar.
Segundo analistas, apenas o fato de se conseguir reunir os dois em uma mesma cidade já é um avanço.
Antes do início do diálogo, ambos os lados fizeram declarações demonstrando pouca vontade de negociar.
O governo interino diz que quer garantir o retorno de Zelaya a Honduras para que seja julgado por abusar da Constituição.
Mas ao chegar a San Jose, na Costa Rica, Zelaya disse a jornalistas que esperava que os líderes do golpe deixassem o poder em 24 horas.
"Nós não vamos negociar, vamos conversar. Vamos trabalhar incansavelmente para buscar uma solução dentro dos limites da Constituição", disse Micheletti.
Zelaya foi deposto e expulso de Honduras sob a mira de uma arma no último dia 28 de junho. Uma tentativa de retornar ao país no fim de semana passado fracassou depois que as autoridades bloquearam a pista de pouso do aeroporto de Tegucigalpa.
A crise política eclodiu depois que Zelaya tentou fazer uma consulta pública para perguntar se os hondurenhos apoiavam suas medidas para mudar a Constituição.
A oposição afirma que isso poderia ter posto fim ao atual limite de apenas um mandato por presidente e abrir caminho para uma possível reeleição de Zelaya.
Em Honduras, milhares de manifestantes pró e contra o presidente deposto foram às ruas em protesto, na quinta-feira.
Simpatizantes de Zelaya bloquearam várias das principais estradas, enquanto os opositores ocuparam as ruas de San Pedro Sula e outras cidades.BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.
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