Zelaya quer ser restituído à Presidência até 15 de outubro

Para representante brasileiro na OEA, ultimato faz parte de 'um jogo'.

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Por Bruno Accorsi
Atualização:

O presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, estipulou um prazo até o dia 15 de outubro para ser restituído à Presidência do país, alegando que só assim poderá ser realizada a eleição presidencial prevista para o dia 29 de novembro. A declaração de Zelaya, que está refugiado na Embaixada do Brasil em Tegucigalpa, foi feita nesta quarta-feira, quando teve início uma rodada de negociações envolvendo representantes do líder deposto e do governo interino, sob a supervisão da Organização dos Estados Americanos (OEA) e da Espanha. O embaixador do Brasil na OEA, Ruy Casaes, que participa da reunião em Honduras, afirmou que a postura do líder deposto "faz parte de um jogo". "Não estou empregando a palavra jogo no sentido negativo. É normal quando duas partes estejam para entrar num processo de negociação, (que) elas entrem com posições maximalistas. É sempre assim. A declaração, nós entendemos, tem um sentido eminentemente tático", afirmou Casaes, ao chegar ao Hotel Clarion, em Tegucigalpa, onde está sendo realizado o encontro. Atraso A reunião sofreu atraso, já que, até a manhã desta quarta-feira, o governo interino não havia permitido a entrada dos negociadores de Zelaya na Embaixada do Brasil. Os negociadores finalmente tiveram acesso ao complexo da embaixada somente minutos antes do horário previsto para o início reunião. No local, eles se encontraram também com John Biehl, o representante do secretário-geral da OEA. Inicialmente, Zelaya contaria com nove negociadores, entre ex-ministros de seu gabinete e integrantes de movimentos sociais que formam a chamada Frente Nacional de Resistência ao Golpe. Por fim, ele concordou em apresentar apenas três representantes: Víctor Meza, que respondia pela pasta do Interior, Mayra Mejía, ex-titular do Trabalho, e o dirigente sindical Juan Barahona, que acabou chegando com uma hora de atraso. O governo interino do presidente Roberto Micheletti tem na figura de Vilma Morales, ex-presidente da Suprema Corte de Honduras, uma de suas principais negociadoras. Sinais Nesta semana, Micheletti deu sinais mistos de que estaria disposto a flexibilizar a sua posição. O líder deposto vinha rechaçando o regresso de Zelaya à Presidência. Micheletti afirmou que os responsáveis pela expulsão de Zelaya do país, no dia 28 de junho, seriam punidos pela Justiça hondurenha. O líder interino também admitiu que poderia aceitar renunciar à Presidência, mas desde que isso ocorresse após a realização de eleições de novembro, algo que o campo zelaysta rejeita. O embaixador Ruy Casaes reiterou que a OEA e a comunidade internacional permanecem unânimes em não aceitar a realização do pleito sem que Zelaya seja reconduzido à Presidência. "Vários países já disseram, cada vez de maneira mais coesa, que não reconhecerão os resultados das eleições se não tiver havido a restauração da ordem democrática e do Estado de direito. O que significa o regresso, a reinvestidura do presidente Zelaya a suas funções", afirmou. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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