Zuma transforma Mundial em arma eleitoral

Com popularidade em queda, presidente busca se consolidar como líder de seu partido; opositores mobilizam-se para contê-lo

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Por Jamil Chade , CORRESPONDENTE e GENEBRA
Atualização:

JOHANNESBURGOEm meio a jogadores e cartolas, uma figura permanente na Copa do Mundo era a do presidente Jacob Zuma, desfilando como anfitrião do evento mais cobiçado do planeta. Ele não buscava apenas passar uma nova imagem da África ao mundo, mas sua própria sobrevivência política.Zuma não desperdiçou um só instante para usar a Copa para fortalecer sua posição e tentar se consolidar como a principal força dentro de seu partido - o profundamente dividido Congresso Nacional Africano (CNA). Mas Zuma pode ter dado um tiro no pé e grupos de oposição já ameaçam impedir que ele tente concorrer a mais um mandato como presidente da África do Sul. A oposição partiu para o ataque contra Zuma e os gastos públicos com a construção de estádios. Se a luta pelo poder é o que move os diferentes grupos, institutos de pesquisa indicam que finalmente a África do Sul pode começar a viver em um sistema multipartidário pós-apartheid. A popularidade de Zuma vinha caindo nos últimos meses. Segundo o Instituto TNS, apenas 43% dos sul-africanos diziam estar satisfeitos com seu governo, 15 pontos porcentuais abaixo dos índices registrados em novembro. Uma nova pesquisa ainda não foi feita. Mas técnicos do instituto alertam que as expectativas não atendidas pela Copa poderão resultar em mais queda de popularidade para Zuma.A maior ofensiva é dentro de seu partido. Em setembro, o CNA realiza sua convenção anual diante de uma verdadeira guerra interna. O líder da Liga Jovem do partido, Julius Malema, não esconde que tentará aumentar a representação de seu grupo na cúpula. Seu discurso de confronto com a população branca, bem como suas ideias de nacionalização de minas de diamante e de bancos conseguiram atrair a ala de esquerda do CNA, insatisfeita com Zuma.Malema agora quer cooptar os sindicatos que protestam contra Zuma. Durante a convenção, ele promete forçar a modificação da orientação econômica, em mais um desafio aberto ao presidente. A divisão não para em Malema. O sindicato Cosatu optou por se desligar do CNA e formar seu próprio partido de trabalhadores, com indicações de que poderia ter 25% dos votos em 2011. Nas últimas duas eleições, os sindicatos tiveram grande participação nas vitórias do CNA.

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