Buscando diversidade e inclusão na criação de novos emojis

Emojis de aparelho de audição, cadeira de rodas e próteses de membros serão lançados ainda esse ano

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Por Matt Wasielewski
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As primeiras pinturas figurativas foram feitas nas pareces de cavernas há 40 mil anos na ilha de Bornéu. Os egípcios tinham os hieróglifos. Nós temos emojis. Como a comunicação foi reduzida a símbolos escritos de celular para celular, “os emojis nos dão a permissão de sermos mais gentis”, disse Jennifer Daniel, a diretora de criação de emojis do Google, a “The Times”. Os pequenos símbolos também permitem que nos expressemos muito mais.

“Os emojis não têm gramática, significado ou sintaxe fixos”, escreveu Malia Wollan a “The Times”. “Entretanto, coletivamente, nós emprestamos a estas pequenas imagens uma semântica de acordo com as nossas necessidades”. Entre elas está o emoji da cabra ("goat", em inglês), que passou a significar “O maior de todos os tempos (ou Greatest Of All Times)”, e o pêssego, que a Apple redesenhou para que se parecesse menos com o derrière, em 2016, antes de recuar quando a comunidade do iPhone se revoltou.

Este ano, o Unicode Consortium introduziu novos emojis que enfatizam a inclusão. Emoji de uma mulher surda. Foto: Unicode Consortium

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Existem 2.823 emojis reconhecidos pelo Unicode Consortium, a organização que fornece os padrões de texto pela internet. Corações e rostos dominam o panorama dos emojis, segundo um estudo que envolveu cerca de quatro milhões de pessoas em 212 países. Em 2017, o emoji do coração vermelho apareceu mais de 14 bilhões de vezes somente em comentários do Instagram.

“Adoro o modo como as crianças usam os emojis onde há apenas unicórnio, unicórnio, unicórnio, coração, sapo, sapo”, disse Daniel. “E é assim que elas dizem ao papai que o adoram”. Como os antigos glifos, os emojis refletem o mundo em que vivemos, e o Unicode Consortium precisa atender às mudanças culturais. Em fevereiro, o grupo anunciou a adição de 230 imagens, que incluem variantes dos emojis existentes. Juntamente com coisas alegres como um rosto bocejando, preguiçoso, ou um waffle, há também uma nova ênfase na inclusão. 

Quando os novos emojis se tornarem disponíveis, ainda este ano, os autores de textos usarão uma bengala, um aparelho de audição, cadeira de rodas e próteses de membros. O Tinder, o aplicativo de encontros, lançou uma campanha bem-sucedida para tornar os emojis de "mãos dadas" personalizáveis, com cada apêndice tendo uma cor de pele e identidade de gênero ajustáveis.

“Usando um emoji que já existe, é como se disséssemos: ‘Oi, nós também participamos da conversa’,” disse Ken Tanabe, o fundador da Loving Day, uma organização que apoia o casamento gay. “Nós fazemos parte da comunidade. Somos representados na parte mais pessoal das nossas vidas”. As adições fazem parte de uma tendência que quer uma maior diversidade de emojis.

“Há pessoas que pedem cabelo cacheado ou o tom da pele, uma careca, um hijab”, disse Jennifer Lee, que faz parte do subcomitê de emojis da Unicode e ajudou a fundar a Emojination, uma iniciativa junto ao público para tornar os emojis mais inclusivos. Rhianna Jones, não ficou satisfeita com a adição de um emoji de cabelo anelado no ano passado, e lançou uma petiçãopara acrescentar um afro à lista.

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“A beleza da cultura da inclusão neste clima político está no fato de que o nosso povo está despertando”, afirmou Rihanna. “O que impressiona a respeito da nossa cultura é que nós temos cabelo grande, grande energia, grandes histórias e grandes vozes. Os emojis são a melhor maneira pela qual podemos encapsular a nossa personalidade nas conversações digitais”.

No final de março, Rihanna apresentou a sua petição ao Unicode, e espera ver afros nos celulares em 2020. “Todas estas crianças que estão crescendo olhando os seus dispositivos não se veem refletidas neles”, ela disse ao jornal. “Eu gostaria que elas pudessem se ver”. Tudo isto diz respeito a achar uma maneira de expressar a própria individualidade. “As pessoas tentam dizera palavra ‘Eu’,” disse Lee. “Elas tentam representar-se em emojiland”. / TRADUÇÃO DE ANNA CAPOVILLA

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