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Centro de pesquisa tenta definir a geração seguinte a do milênio

Pesquisador acredita, entretanto, que o rótulo geracional não deveria existir, porque não leva em consideração fatores individuais

Por Matt Wasielewski
Atualização:

Nestes dias, vem se desenrolando um debate geracional, mas a geração dos ‘baby boomers’ e a Geração X’ não estão necessariamente incluídos nele. Este debate diz respeito apenas aos que nasceram depois de 1980.

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Este mês, o Pew Research Center definiu a Geração Y, a geração do milênio, como as pessoas nascidas entre 1981 e 1996. A Pew, uma organização americana de políticas públicas, tomou como ponto inicialos anos do nascimento e os eventos políticos e culturais que definiram o começo da vida de uma pessoa para estabelecer a sua extensão.

As pessoas nascidas depois de 1996 talvez saibam que a AOL (America Online) a certa altura avisava os seus usuários: “ Você recebeu correspondência”, ou que a internet estava à sua disposição na linha do celular, mas provavelmente não lembram a voz do locutor da AOL ou os ruídos dos modems de discagem.

A geração do milênio foi definida como a que nasceu entre 1981 e 1996, depois da Geração X Foto: Ali Asaei/The New York Times

Os ‘baby boomers’, nascidos entre 1946 e 1964, cresceram na sombra da Segunda Guerra Mundial. A Geração X está escorada por um lado nos boomers e por outro na Geração Y e sofre como “o filho do meio”, de acordo com a Pew. Segundo esta, os americanos da Geração Y lembram dos ataques terroristas de 11 de setembro, das guerras no Iraque e no Afeganistão, da última recessão e das eleições de 2008.

“Muitos da geração do milênio atingiram a maioridade e ingressaram na força de trabalho no ápice da recessão econômica, mas muitos jovens adultos hoje ingressam na força de trabalho em uma era de crescimento econômico e baixo desemprego”,disse a “The Times”, Ruth Igielnik, associada em pesquisa da Pew. Consequentemente, a geração mais jovem, hoje, talvez não enfrente em sua vida profissional e pessoal as mesmas agruras da geração do milênio, como encontrar um emprego que pague bem e que lhe permita casar ou comprar uma casa.

Mas, o que são as pessoas nascidas depois de 1996? Ninguém ainda as definiu. Alguns comentaristas começaram a usar a expressão “Geração Z”, mas a Pew aparentemente não se deixou impressionar pelo termo. Ela anunciou que serão chamadas, pelo menos por enquanto, “geração pós-milênio”.

Em janeiro, em um esforço de democratização demográfica, “The Times” pediu aos seus jovens leitores que se definissem. A resposta, assim como a democracia, foi meio bagunçada.

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“Eu não me importaria de ser chamada de Geração Bode Expiatório”, escreveu Alexandra Della Santina, uma engenheira da Boeing de 22 anos, na resposta mais popular. “Quando os ‘baby boomers’ e a Geração X ou Y, seja o que for, decidirem começar a nos usar como sacos de pancadas em vez da geração do milênio, será muito mais difícil lamentar a nosso respeito se forem obrigados a nos chamar de ‘Os bodes Expiatórios’”.

Outras sugestões abrangem toda a gama dos estados de espírito - iGeração, Geração Esperançosa, Geração Ansiosa e Geração Fix-It(que veio para consertar).

Alguns odiaram totalmente este exercício. “Não nos chamem de nada. A ideia de gerações coesas é absurda”, escreveu a “The Times” Kiernan Mejerus-Collins, 22, presidente do Partido Democrático de Lewiston, Maine. (Continuar sem um nome foi a segunda opinião que mais agradou.)

John Quiggin, pesquisador sênior em Economia da Universidade de Queensland, na Austrália, apresentou uma solução semelhante: acabem de vez com as gerações.

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Quiggin escreveu no “The Times” que o “ ‘jogo das gerações - a insistência em dividir a sociedade em grupos com base no ano do nascimento e de imputar características a cada grupo” - tem sido “mais prejudicial do que benéfica porque não deixa claros os fatores individuais que na realidade moldam as nossas atitudes, inclusive políticas, e as oportunidades”.

Existem discrepâncias tão grandes entre as experiências dos indivíduos no interior de uma geração, assim como as diferenças de classe, raça, gênero e economia, que este exercício cria um falso sentido de unidade.

O jogo das gerações é apenas um reflexo de um aspecto ilógico da natureza humana. A geração do milênio, escreveu Quiggin, foi “ridicularizada como uma geração preguiçosa e narcisista ou defendida como criativa e empenhada nas mudanças sociais. Mas estas se parecem com as características que os mais velhos atribuíram aos jovens desde os primórdios dos tempos”.

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