O cérebro dos maiores atletas não é tão cheio de ruídos quanto o nosso, mostra um novo estudo feito com competidores de elite sobre a maneira como eles processam o som. A pesquisa constatou que o cérebro de atletas jovens, preparados, baixam os ruídos externos e se preocupam com os ruídos importantes mais do que outras pessoas jovens, o que sugere que a prática do esportes pode modificar o cérebro e alterar a percepção e a reação do esportista ao mundo ao seu redor.
“Compreender o som é na realidade uma das coisas mais complexas que pedimos ao nosso cérebro”, disse Nina Kraus, professora e diretora do Laboratório de Neurociência da Audição na Northwestern University de Illinois, que supervisionou o estudo.
Processar o som, explicou, pode ser também um indicação de saúde cerebral, porque envolve áreas interconectadas do cérebro que devem coordenar-se para decidir se determinado som é familiar, o que ele significa e se o corpo deve responder.
Os pesquisadores colocaram eletrodos no couro cabeludo dos participantes da experiência e depois produziram um som simples, em geral a sílaba falada “da”, em intervalos regulares a fim de medir a atividade das ondas elétricas cerebrais nos centros de processamento dos sons nas pessoas.
As variações da capacidade de cada um levaram os pesquisadores a investigar se o inverso poderia ser verdadeiro, e se alguma experiência poderia reduzir o processamento do som. Seria possível que danos provocados pelo contato na cabeça dos atletas,como concussões durante a prática de esportes, possam alterar o processamento dos sons, e quem sabe até servir como indicadores da gravidade de um dano cerebral?
A dra. Kraus, e sua equipe trabalharam com o departamento de atletismo da Northwestern University por muitos anos e começaram a analisara capacidade de processar sons de 495 atletas, homens e mulheres, em esportes como futebol americano e atletismo em geral, e a de 500 jovens que não eram atletas. O estudo continua, mas, no meio tempo, a dra. Kraus se deu conta de que dispunha de uma quantidade de dados sobre o cérebro e a capacidade de processar o som de jovens atletas mais preparados assim como de outros estudantes.
No novo estudo, publicado em dezembro na revista Sports Health, ela concluiu que o cérebro dos atletas conseguia concentrar-se tão bem no som “da” porque, antes de mais nada, eles filtravam um volume maior de ruídos externos e melhor do que outros estudantes. “Basicamente, o seu cérebro era mais silencioso”, segundo a dra. Kraus.
Sua agilidade acústica muito provavelmente se desenvolvera até certo ponto ao longo de anosprestando atenção a sons cruciais para eles, apesar do estardalhaço que os rodeava.
“Você precisa ouvir o técnico gritando uma instrução ou o que um colega de equipe está dizendo”, ela explicou. “O cérebro muda em resposta à repetição deste tipo de experiência”, e os componentes do processamento do som do cérebro se fortalecem.
Além disso, atletas que praticavam esportes não tão barulhentos, como corrida cross-country e golfe, tinham cérebros igualmente silenciosos.
No entanto, o estudo não conseguiu distinguir de maneira definitiva se o fato de ser atleta muda o cérebro de uma pessoa ou se ela é bem-sucedida como atleta porque, desde o início, sua capacidade de processar o som é melhor.
A dra. Krausespera que a continuação da pesquisa a ajude a responder a esta indagação, e também se pessoas mais velhas poderão melhorar o seu processamento do som tornando-se ativas.